Os combustíveis fósseis ainda têm um papel a “cumprir” no “futuro próximo”, advertiu, nesta quarta-feira (3), o presidente da COP28, mencionando particularmente o aquecimento global, a propósito da tecnologia de captura de CO2.

“Sabemos que os combustíveis fósseis vão continuar desempenhando um papel no futuro próximo para ajudar a satisfazer as necessidades energéticas mundiais”, disse Sultan Ahmed al-Jaber na coletiva de imprensa de encerramento do Diálogo Climático de Petersberg, que supostamente irá preparar a futura COP28, que será realizada no final de novembro em Dubai.

O presidente da COP28, que também é CEO da gigante do petróleo ADNOC, reiterou seu pedido para triplicar a produção de energias renováveis até 2030.

“Nosso foco deve estar na eliminação gradual das emissões de todos os setores, seja o petróleo e o gás ou as indústrias de altas emissões”, afirmou em coletiva de imprensa compartilhada com a chefe da diplomacia alemã, a ecologista Annalena Baerbock.

Segundo ele, o objetivo seria alcançado “aproveitando e capitalizando as tecnologias existentes, novas e emergentes”, incluindo a tecnologia de captura e armazenamento de CO2.

No entanto, uma série de ONGs não se convencem dessa solução, pois a consideram muito cara.

“Não podemos fingir que a solução da crise climática esteja em soluções técnicas pouco confiáveis e não provadas que conduziriam a novos riscos e novas ameaças”, reagiu em um comunicado de imprensa Tasneem Essop, diretora-executiva da Climate Action Network, uma rede com mais de 1.500 ONGs.

“Precisamos de soluções climáticas reais, não de algumas tecnologias especulativas para fazer frente à ameaça existencial da mudança climática”, assegurou Lavetanalagi Seru, coordenador regional da Rede de Ação Climática das Ilhas do Pacífico.

Essas ONGs fizeram um apelo ao presidente da COP para que se comprometa decisivamente a favor da eliminação progressiva de todos os combustíveis fósseis.

Sultan Ahmed al-Jaber “não deve seguir se escondendo por trás dos mesmos bloqueadores (das negociações) com interesses particulares. Os negociadores devem ir mais além e formar uma coalizão forte e unida” para a saída dos combustíveis fósseis, reivindicou Andreas Sieber, membro da Climate Action Network.