Prédios derrubados, carros queimados e crateras nas ruas são as marcas mais visíveis dos violentos combates em Hayin, o reduto do Estado Islâmico (EI) no leste da Síria, conquistado pelas forças curdas.

Até sexta-feira, esta grande localidade do leste da Síria, na fronteira com o Iraque, era, juntamente com outras cidades, um dos últimos bastiões do EI no país.

Depois de três meses, as Forças Democráticas Sírias (FDS), uma aliança de combatentes curdos e árabes apoiada pela coalizão antijihadista liderada pelos Estados Unidos, conseguiram expulsar os extremistas.

“Hayin está nas nossas mãos”, comemora Zanar Awaz, um comandante local das FDS, onde a bandeira amarela da milícia se encontra hasteada em um edifício.

“Enfrentamos vários obstáculos, em particular carros-bomba e suicidas”, disse à AFP.

Sentado sobre o teto de um carro com seus companheiros, um combatente das FDS faz o “V” de vitória.

Os extremistas do EI também minaram a zona. As equipes antibombas começaram a trabalhar para varrer e limpar o lugar, segundo as FDS.

– Túneis e trincheiras –

Esta estratégia de terra arrasada freou o avanço da aliança curdo-árabe nas últimas semanas, a qual teve de retroceder em várias ocasiões pelos contra-ataques.

Desde o início de sua ofensiva contra a região de Hayin, em 10 de dezembro, cerca de 550 membros das FDS morreram, assim como 930 jihadistas, relata o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Mais de 230 civis foram mortos.

Em uma pequena colina, onde fica o cemitério, túneis e trincheiras cobertas por lençóis, são um sinal da presença dos jihadistas.

Mas a vitória de Hayin não marca o fim do combate contra o EI neste setor, já que os extremistas continuam ativos nos arredores da cidade.

“Há combates nas imediações de Hayin”, afirmou Zanar Awaz.

Na madrugada de sábado, o EI lançou outro contra-ataque para recuperar setores perdidos nessa localidade situada no vale do Eufrates.

– ‘Vamos para a vitória’ –

Um comboio militar americano ingressou na localidade com soldados a bordo.

Do ar, aviões da coalizão fazem a vigilância, enquanto são enviados reforços para o front, de modo a consolidar as primeiras linhas de defesa.

Além da defesa de Hayin, as FDS programam um ataque contra Susa e Al-Shaafa, duas localidades vizinhas ainda controladas pelo EI.

“Nos preparamos para ingressar nas localidades vizinhas para exterminar esta organização terrorista”, declarou Awaz.

“Não resta muito mais para recuperar, mas o que contém o avanço são as trincheiras” do EI, explica Mohamad al-Mohamad, um jovem combatente de 19 anos que se dirige para a linha de frente.

Segundo o OSDH, cerca de 17.000 combatentes das FDS estão envolvidos nessa ofensiva, contra os 2.000 jihadistas entrincheirados em seus últimos bastiões do leste da Síria.

O “califado” declarado pelo EI em 2014 se reduziu a quase nada.

“Nos dirigimos para Susa e Al-Shaafa e vamos libertá-las (…). Vamos para a vitória”, garantiu Mohamad al-Mohamad.