O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Rossato, fez uma crítica nesta terça-feira, 23, ao que chamou de “privilégios pessoais” que, muitas vezes, são colocados acima dos “interesses da coletividade” durante cerimônia do Dia do Aviador, em Brasília. O presidente Michel Temer, os comandantes militares, além de ministros, também participaram do evento.

“Aviadores ou não, militares ou não, numa época em que nem sempre o correto e o justo é exaltado e que privilégios pessoais são, muitas vezes, colocados acima dos interesses da coletividade, nossa Ordem orgulha-se de ter por critério único a valorização de méritos que são fundamentados em ideais de profissionalismo, honestidade, honra e Justiça”, disse o brigadeiro Rossato.

O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do deputado Jair Bolsonaro, candidato ao Planalto pelo PSL, estava entre as 232 pessoas, entre elas 19 parlamentares, que deveriam ter sido condecoradas nesta terça-feira com a medalha do mérito aeronáutico.

Eduardo, no entanto, não compareceu. O deputado, no fim de semana, causou desconforto nas Forças Armadas após ter a divulgação de um vídeo no qual afirma que, para fechar o Supremo Tribunal Federal, bastaria um cabo e um soldado. Após a repercussão negativa da declaração, o parlamentar se desculpou e disse que falou em tom de brincadeira.

Também presente ao evento, o ministro da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, declarou que o segundo turno das eleições deverão transcorrer em “clima de total normalidade, como ocorreu no primeiro turno”. Segundo ele, “as Forças Armadas estão sendo empregadas na garantia votação e apuração, em efetivo menor” e “não há nenhum dificuldade de que o eleitor ele possa ir ao local de votação”.

Na ordem do dia, o comandante fez homenagem a Santos Dumont, o pai da aviação, e ressaltou que o feito dele “não é fruto da sorte ou do acaso” e que “esse valente brasileiro, advogado do estudo, da persistência e da disciplina, conquistou os ares por consequência dessas e outras tantas virtudes”.

“É com esse espírito de valorização das virtudes que nos apropriamos dessa data também para receber, na Ordem do Mérito Aeronáutico, aqueles que, entre tantos outros, se destacam nessas qualidades que tanto prezamos”, disse o comandante da Aeronáutica.

“Desapegado de possíveis benefícios e vantagens pessoais, fez questão de tornar pública a patente do seu avião Demoiselle. Dessa forma, presenteou o mundo com o precursor do ultraleve atual e popularizou o acesso aos ares. Assim, impulsionou a criação dessa imensa legião de aviadores da qual fazemos parte hoje”, disse o brigadeiro, acrescentando que “tomado por essa simplicidade de quem se preocupava muito mais com o produto do seu trabalho do que com o conforto da própria casa, Alberto Santos Dumont reunia no seu hangar pessoas de todas as classes e opiniões. Sem nenhuma distinção, dividia os segredos da aviação com todo aquele que compartilhasse da mesma curiosidade”.

“Ao nos deixar esse legado, Santos Dumont fez surgir o profissional que, assim como ele, ama o estudo, a persistência e a disciplina. São homens e mulheres que passam por longos e árduos treinamentos para garantir o voo seguro e preciso. São homens e mulheres que, na falta de uma rotina previsível, nunca sabem se estarão com seus entes queridos nos momentos que lhes são afetos e, num altruísmo inquestionável em prol do cumprimento da missão, aceitam, abnegados, os longos períodos de afastamento na esperança de um dia poderem reparar o irreparável vazio que deixaram durante a sua ausência”, finalizou.