Vendas e lançamentos em alta e a perspectiva de juros baixos para o financiamento animam os analistas do setor imobiliário. Junho foi melhor do que o esperado em São Paulo, e fez com que o Secovi-SP (que reúne empresas do setor) revisasse as previsões de lançamentos na capital paulista: se antes, a expectativa era de estabilidade em relação ao ano passado, agora é de aumento de 10% ante 2018.

Isso porque, com os juros em baixa, as vendas de imóveis residenciais na cidade de São Paulo cresceram em junho, segundo o Secovi. Naquele mês, foram vendidas 6.319 unidades, resultado 176% maior que no mesmo mês de 2018. Já os lançamentos responderam por 9.415 unidades – salto de 218,8% em comparação ao mesmo mês de 2018.

Embora parte desse crescimento possa ser explicada pela base mais fraca de comparação – já que a economia foi paralisada pela greve dos caminhoneiros entre maio e junho de 2018 -, o resultado pode ser considerado bastante expressivo, dizem especialistas do setor.

As vendas, de 6.319 unidades em junho, superaram até mesmo o resultado de dezembro passado (5.204), que costuma ser o mês mais forte do ano para a venda de apartamentos.

Além disso, as vendas de junho foram 110,8% maiores do que a média de negócios na cidade em 12 meses, que chegou a 2.997 unidades.

Segundo o Secovi, a inflação sob controle e o encaminhamento da reforma da Previdência no Congresso geraram um ambiente positivo e de mais confiança, que deu mais segurança para que as empresas lançassem mais projetos e ampliassem as vendas de unidades.

“Esses aspectos, aliados à manutenção dos preços dos imóveis e à demanda do consumidor, reprimida pelos anos de crise, colaboraram para os resultados”, ressaltou o presidente do Secovi-SP, Basilio Jafet.

Os resultados fizeram o sindicato revisar as projeções para os lançamentos deste ano. A estimativa é que o mercado encerre 2019 com um patamar entre 37 mil e 41 mil unidades lançadas, o que representaria uma alta de até 10% em comparação com 2018, quando foram lançadas 37 mil unidades.

Celso Petrucci, do Secovi, avalia que as quedas sequenciais dos juros do financiamento imobiliário foram essenciais para convencer as famílias que ainda estavam em dúvida se valia a pena comprar um imóvel.

O economista destacou, ainda, a importância do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) para o mercado. Segundo Petrucci, 37% dos lançamentos foram enquadrados no programa no primeiro semestre. “Isso significa dizer que mesmo as pessoas preocupadas com o desemprego estão adquirindo seu primeiro imóvel e acessando a casa própria. Elas voltaram com força ao mercado imobiliário”, destacou.

Em todo o País, vendas e lançamentos também avançaram, segundo dados da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). As vendas líquidas – que excluem as unidades devolvidas no período – cresceram 9,8% de janeiro a maio. Já os lançamentos cresceram 4,8% no mesmo período.

Mais crédito

A liberação de crédito imobiliário também subiu no primeiro semestre. Os financiamentos somaram R$ 33,7 bilhões, alta de 33,3% ante o mesmo período de 2018. A Abecip, que reúne entidades de crédito, aumentou a previsão de aumento dos empréstimos para compra de imóveis para o ano, de 7% para 13%, o que deve totalizar R$ 132 bilhões.

O presidente da entidade, Gilberto Duarte, avalia que novos cortes nas taxas dependem de uma demanda maior por parte dos consumidores. “Os bancos estão com apetite. Tem competição. Mas ainda falta o consumidor ficar um pouco mais ousado para demandar o crédito.”

Apesar de a economia estar começando a dar alguns sinais de crescimento, ele pondera que o desemprego alto desacelera a retomada do setor. “Não vemos a retomada da renda individual – e essa é uma variável que demanda mais tempo.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.