A Conferência de Mudança Climática (COP 26) começou neste domingo (31) na cidade de Glasgow, na Escócia. A convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) contará com a presença de diversos líderes mundiais, empresários e ambientalistas para discutir o futuro do planeta. 

Presidente da COP 26 e membro do parlamento britânico, Alok Sharma disse que esta é “a última e a melhor esperança” de limitar o aquecimento global.

+COP26 é inaugurada em Glasgow em contexto de urgência climática

A postura do Brasil, no entanto, é de isolamento e negacionismo frente à ameaça climática.

Na última sexta-feira (29), o vice-presidente Hamilton Mourão justificou a ausência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na cúpula pois “todo mundo iria jogar pedra nele”. Mourão, que é presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, também não estará presente. O Brasil será representado pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite.  

País tentará limpar imagem da última reunião

Na última reunião da cúpula, no final de 2019, o representante brasileiro era o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. 

O Brasil foi o principal bloqueador das negociações sobre a regulamentação do mercado de créditos de carbono. De acordo com informações da época, Salles condicionou o apoio do País a mais dinheiro das nações mais ricas para a preservação ambiental, o que foi encarado como uma espécie de chantagem.

A missão de Leite para reverter a imagem internacional do Brasil como um pária ambiental não será fácil. De acordo com informações do Observatório do Clima publicadas na última quinta-feira (28), mesmo na pandemia o Brasil aumentou em 9,5% as emissões de gases do efeito estufa em 2020, enquanto o mundo diminuiu o número em quase 7%.   

O Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) calculou que as emissões foram de 2,16 bilhões de toneladas de gás carbônico, o maior número desde 2006. O agronegócio foi o responsável pelo aumento mais significativo.

Isolamento internacional pode gerar prejuízos econômicos

Bolsonaro foi denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) no último dia 22 por violações de direitos contra os defensores de direitos humanos e do meio ambiente. Entidades da sociedade civil afirmam que o Brasil figura entre os países mais perigosos para os defensores ambientais.

Além disso, o Brasil precisará diminuir o seu isolamento internacional sobre o assunto, já que os países desenvolvidos apertam cada vez mais o cerco contra produtos de governos que não conseguem conter o desmatamento nem conter danos ao meio ambiente. Em 2020, as queimadas no Pantanal serviram para que os países da União Europeia paralisassem as negociações com o Mercosul, que seguem congeladas. 

A comitiva brasileira também terá que explicar o motivo do desmatamento na Amazônia ter subido 2% no mês de setembro em relação ao mesmo mês de 2020, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). 

O grupo All Rise, composto por juízes, ambientalistas e cientistas, apresentou no dia 12 de outubro uma denúncia contra o governo Bolsonaro no Tribunal Penal Internacional de Haia citando diretamente a sua política ambiental. 

O Ministério das Relações Exteriores se reuniu com embaixadores europeus em Brasília para explicar que adotará uma postura de buscar consenso daqui pra frente.