Quem ainda acha que toda essa discussão sobre ESG (boas práticas ambientais, sociais e de governança) é coisa de ecoxiita, de ambientalista radical ou que não passa de mimimi, um conselho: vá ao canal do Youtube da B3, a bolsa de valores oficial do Brasil, e assista, a partir das 9h30, a cerimônia do IPO (oferta inicial de ações) da Raízen. Se você está lendo este texto após o horário, não tem problema. É possível assistir à gravação.

Independentemente do preço que as ações atinjam hoje, em sua estreia, o IPO da Raízen já é histórico. E o ESG tem tudo a ver com isso.

Com o título de maior produtora de etanol de cana-de-açúcar do Brasil, a empresa oferece o que o mundo quer: soluções de energia de baixa emissão de carbono, escaláveis e economicamente viáveis. Com 26 unidades de produção de açúcar, etanol e bioenergia, a companhia tem capacidade instalada para moagem de 73 milhões de toneladas de cana, que produziram, na safra 2019/20, 2,5 bilhões de litros do combustível verde. De açúcar foram mais 3,8 milhões de toneladas.

Diante do apetite do mundo por soluções urgentes para a transição energética do combustível fóssil para alternativas limpas e renováveis, os investidores estão enxergando a Raízen como um pote de ouro no fim do arco-íris. E a história fica ainda melhor, porque, segundo o prospecto, parte do recurso será usado para aumentar a geração de etanol de segunda geração. Em outras palavras, em vez de usar novas plantas – o que poderia esbarrar na necessidade de mais uso de terra para aumento da área plantada – a empresa promete investir parte dos recursos para aumentar a produção do combustível feito a partir do bagaço e da palha da cana usadas na produção do etanol de primeira geração. A alternativa é 80% menos poluente que os combustíveis fósseis.

Menos uso de terra, menos resíduo no ambiente, combustível mais limpo e menos carbono emitido. Tudo alinhado ao Acordo de Paris e às previsões do maior investidor do mundo, Larry Fink, CEO da BlackRock, que em sua carta anual, enviada aos clientes em janeiro, afirmou: “acreditamos que a transição climática representa uma oportunidade histórica de investimento”. Do Brasil, caro Larry, chega mais uma evidência que corrobora a sua tese. Ontem, no último dia da reserva de ações antes do IPO de hoje, a Raízen garantiu R$ 6,9 bilhões para seu caixa na maior oferta pública inicial do ano no País.