A Vivo, controlada pela espanhola Telefônica, pretende investir pesado para avançar na cobertura 5G no Brasil. Líder em telefonia móvel no País, a operadora vai participar dos leilões dos blocos de frequência de quinta geração de serviços móveis, a ser realizado em março do ano que vem. O edital deverá ser enviado para consulta pública no segundo semestre e vai representar a continuidade do processo de ampliação da velocidade de conexão no País.

Boa parte do investimento – que deve chegar a R$ 9 bilhões neste ano, cerca de R$ 1 bilhão a mais do que em 2018 – será destinado à cobertura de fibra óptica. “A Vivo tem investido em infraestrutura para levar a conexão de maior velocidade a vários municípios”, disse Christian Gebara, presidente da Vivo, ao jornal O Estado de S. Paulo. A operadora encerrou 2018 com 3,1 mil cidades com a rede 4G e 1 mil com o 4.5G.

Desenho do mercado. Maior operadora do País, a Vivo não descarta olhar ativos da Oi que, em recuperação judicial, planeja se desfazer de negócios. No entanto, Gebara não vê nas aquisições o principal vetor de crescimento da Vivo.

Em março, a mexicana América Móvil, dona da Claro, desembolsou R$ 3,5 bilhões pelas operações da Nextel no Brasil. A aquisição da Nextel foi considerada estratégica para a Claro ampliar suas faixas de frequência de banda larga no País.

Para Gebara, o movimento feito pela concorrente marcou o fim da fase de aquisições de empresas de nicho. Em 2014, a Vivo deu um importante passo ao adquirir a GVT, por R$ 22 bilhões. A operadora teve a função de dar capilaridade à Vivo fora do Estado de São Paulo.

Com a compra da Nextel, a Claro herdou uma lista de frequências. Para Gebara, porém, o leilão previsto para 2020 vai permitir que as principais empresas tenham faixas para investir em redes mais velozes. A expectativa é que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) coloque à venda quatro faixas, incluindo duas de 3,5 GHz, as mais apropriadas para o 5G.

Segundo o consultor Eduardo Tude, da Teleco, os leilões deverão ser concorridos. “O ideal é ter frequências para que todas as operadoras participem”, disse. “Caso contrário, haverá uma disputa acirrada, que pode elevar os preços.” O mais importante, com recursos que seriam investidos nas redes 5G.

Apesar de reconhecer que é preciso preparar o 5G no País, Gebarar diz que ainda há muito terreno a ser coberto pelo 4G e 4.5G. Segundo ele, a estrutura dessas duas velocidades possibilitará que o País entre na era das casas e carros conectados.

Além do dispositivo Alexa, que a Amazon deve lançar por aqui em breve, a Vivo também criou um aparelho para integrar modelos mais antigos de carros a smartphones. “Esse produto vai dar toda a informação sobre o carro e criar uma rede Wi-Fi no veículo”, afirmou. “Também chegará por um bom preço.”

No entanto, à medida que a tecnologia evoluir, com a introdução dos carros autônomos, por exemplo, o 5G passará a ser necessário. Por isso, uma reivindicação das operadoras é que os leilões não tenham caráter arrecadatório, e sim de incentivo aos investimentos em infraestrutura de telecomunicações. “Hoje, o mais relevante é permitir que as companhias levem conexão às pessoas”, afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.