Com foco em Brasília, o Ibovespa retomou a linha dos 120 mil pontos durante a sessão desta quarta-feira, 3, mas não conseguiu sustentá-la no fechamento, o terceiro consecutivo em alta. Hoje, o índice da B3 avançou 1,26%, aos 119.724,72 pontos, beneficiado em especial por recuperação nas ações de Vale ON (+3,16%) e de siderurgia (CSN +1,90%, Gerdau PN +2,44%), enquanto os bancos operaram sem direção única no dia do balanço do Santander (Unit -0,39%). O giro totalizou R$ 35,2 bilhões na sessão, em que o Ibovespa saiu de abertura a 118.234,99 pontos para chegar na máxima aos 120.210,38 pontos, maior nível desde 21 de janeiro. No ano, o índice passa a acumular leve ganho de 0,59%, com avanço de 4,05% nesta primeira semana de fevereiro.

Em dia volátil, de ganhos tímidos ao final em Nova York, o Ibovespa, a exemplo de ontem, refletiu o otimismo em torno da retomada de “agenda liberal” no Congresso, após a vitória governista para as presidências da Câmara e do Senado. A prioridade indicada pelo Planalto à definição do Orçamento para 2021, bem como ao prosseguimento da tramitação das reformas e da privatização da Eletrobras na agenda encaminhada ao Congresso, e a reafirmação do compromisso dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), com extensão de auxílios dentro do teto de gastos, deram o tom positivo para os negócios.

“O presidente Bolsonaro pediu aos novos presidentes do Legislativo prioridade para 35 proposições que já tramitam no Congresso, como reformulações de marcos setoriais, a autonomia do Banco Central, as reformas administrativa e tributária e as três Propostas de Emenda à Constituição (PECs) da chamada ‘Agenda Mais Brasil’: Emergencial, Pacto Federativo e Fundos”, enumera Betina Roxo, estrategista-chefe da Rico Investimentos.

Para Fernando Siqueira, gestor da Infinity Asset, uma combinação de fatores positivos ampara a recuperação observada no Ibovespa neste começo de mês. “A greve dos caminhoneiros não se materializou; os dados da economia americana mostram força, como a geração de vagas de trabalho no setor privado em janeiro, acima do esperado; o bom desempenho de commodities como o petróleo; nova flexibilização de restrições em São Paulo; e, em Brasília, o alinhamento que se espera entre Executivo e Legislativo, o que faz lembrar o início do governo em janeiro de 2019, quando também havia grande expectativa”, aponta o gestor, destacando ainda o nível do Ibovespa, após a recente correção de 10 mil pontos em relação ao topo de 125 mil do último dia 8.

Depois de o índice da B3 renovar pico histórico logo no começo do mês, “o Brasil apanhou bem em janeiro, foi o pior mercado e também a pior moeda, mas agora o mercado está comprando de novo as reformas, a ideia de que algo poderá ser feito, a começar pelo orçamento, até março”, diz Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch. “Depois, será preciso ver mesmo se as reformas serão aprovadas”, acrescenta Attuch, que prevê uma trégua de até seis meses, dos investidores, para que os novos comandantes do Legislativo mostrem serviço.

Após queda de 4,63% no preço do minério de ferro ontem na China (Qingdao), a recuperação parcial da cotação hoje (alta de 1,90%) e a perspectiva de acordo entre a empresa e o governo de Minas Gerais colocaram a Vale como blue chip do dia, em alta de 3,16% no fechamento. Os investidores se mantêm atentos à possibilidade de acordo entre as partes que encerre ação judicial sobre o rompimento da barragem em Brumadinho, ocorrido em janeiro de 2019. Mineradora e governo estadual confirmaram audiência, amanhã, para entendimentos finais e possível assinatura do termo de reparação.

Assim, Bradespar, principal acionista da mineradora, chegou a acentuar ganhos nesta sessão, mas ao fim os limitou a 2,19%, após ter ficado com a própria Vale na ponta negativa do dia anterior, quando prevaleciam temores sobre o montante das reparações. Destaque também nesta quarta-feira para alta de 7,73% para BTG, de 6,22% para Braskem e de 5,63% para Multiplan, enquanto, na face oposta do Ibovespa, Totvs cedeu 2,31%, CVC, 2,25%, e BR Distribuidora, 1,50%.