Olá, pessoal, tudo bem? Em março deste ano, quando o IBGE divulgou que havia 12,7 milhões de desempregados no Brasil, eu defendi o corte imediato da taxa de juros pelo Banco Central (BC). De lá para cá, a nova diretoria do BC, sob o comando do economista Roberto Campos Neto, ficou de braços cruzados à espera da aprovação da Reforma da Previdência. Foi um enorme erro.

Nesta quarta-feira 31, finalmente, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa básica de juros (Selic) de 6,5% para 6% ao ano, mesmo sem a aprovação da reforma em segundo turno, na Câmara. O Copom se rendeu àquilo que já me parecia óbvio no início do ano. O Brasil teria mais um Pibinho em 2019, que não ajudaria a melhorar o quadro de desemprego. Curiosamente, nesta quarta-feira 31, o IBGE atualizou os dados de desemprego e o Brasil tem, pasmem, 12,8 milhões de desocupados. Isso sem falar nos subutilizados (28,4 milhões) e nos desalentados (4,9 milhões), que desistiram de procurar emprego diante de um cenário tão ruim.

Os mais conservadores vão argumentar que o papel do BC não é o de olhar para o crescimento econômico, mas, sim, para a inflação. Correto. Mas com uma economia anêmica, a inflação tenderia a permanecer bem-comportada. Óbvio, não?

Não estou defendo o populismo econômico. Jamais defenderei reduções irresponsáveis dos juros. Mas, neste caso, o BC demorou demais. Em termos práticos, juros básicos menores em agosto só vão ter efeito na economia em 2020.

É verdade, também, que a política monetária (juros e depósitos compulsórios), sozinha, não será capaz de reanimar a atividade econômica. A missão maior está com a ampla agenda liberal a ser tocada pelo Ministério da Economia. Isso, no entanto, não isenta o BC de sua responsabilidade. Os juros básicos caíram com atraso e precisam continuar em queda nos próximos meses. Além disso, é função do BC criar as condições regulatórias para que os juros sejam reduzidos na ponta, tanto para consumidores quanto para empresários, mas isso é tema para outro artigo, em breve.