Às vésperas das eleições presidenciais, os fundos de investimento brasileiros demonstram receio em relação às estatais. Os investimentos feitos por eles nas companhias públicas estão no menor nível desde 2008, com R$ 36,1 bilhões em ações dessas empresas. O volume, considerando os dados de meados de agosto, representa queda de 43% em relação ao fim de 2021 e de 71% comparado ao de 2019, momento pré-pandemia, quando se atingiu a máxima histórica, de R$ 124,5 bilhões.

A menor alocação reflete diretamente as pesquisas que mostram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na liderança, num momento em que parte da Faria Lima começa a deixar clara sua preferência por um segundo mandato de Jair Bolsonaro, pela visão de que seu governo é pró-mercado, deixando de lado as críticas sobre a gastança promovida pelo presidente em busca da reeleição.

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Antes de 2018, contudo, o pico anterior de investimentos em empresas estatais havia sido em 2010, exatamente durante o governo Lula, com um valor de R$ 94,4 bilhões. Em 2008, ano da quebra do banco Lehman Brothers e pior patamar da série histórica, os investimentos nas ações das empresas somaram R$ 30,4 bilhões.

O levantamento, feito pelo TC/Economatica a pedido do Estadão, inclui 20 estatais federais e estaduais listadas na Bolsa. Os números ainda consideram os investimentos da Eletrobras, privatizada neste ano, mas que ainda tem a União como principal acionista.

A leitura também deve levar em consideração que, além da maior ou menor alocação em estatais no período, o levantamento espelha o desempenho dos papéis, que em alguns casos perderam valor ao longo deste ano. O estudo não leva em conta a compra de fundos estrangeiros no País.

Gestores de fundos afirmam que hoje tem pesado na decisão de investimento a proximidade das eleições e a leitura de que há mais chances de privatizações em um segundo governo de Bolsonaro do que em um novo mandato de Lula.

No geral, em anos eleitorais, explica o sócio e analista da fundos da Nord Research, Luiz Felippo, um dos pontos relevantes para o mercado é sobre uma possível troca do comando das estatais, algo que pode indicar qual será a adoção de políticas estratégicas pelas empresas. “Há uma certa incerteza sobre qual tipo de gestão a estatal pode ter, e isso pode deixar os gestores mais receosos. Há também na Bolsa outras empresas com preços atrativos, o que leva a uma competição.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.