SÃO PAULO (Reuters) – O principal índice da bolsa brasileira voltou a subir após sete sessões nesta quarta-feira, diante do salto de ações ligadas a commodities metálicas e da influência marginalmente positiva em Nova York. Um dado de inflação no Brasil abaixo do esperado pelo mercado, embora em patamares elevados, também contribuiu.

Vale disparou antes de balanço e após alta do minério de ferro, que ainda impulsionou siderúrgicas. Petrobras fechou praticamente estável antes de anunciar dados operacionais. Na ponta negativa, a Hapvida cedeu, em meio a expectativas pela divulgação dos resultados do primeiro trimestre.

O Ibovespa subiu 1,05%, a 109.349,37 pontos, após a maior sequência de quedas desde 2016. O volume financeiro da sessão foi de 27 bilhões de reais.

“Na verdade, para mim não é nenhuma surpresa. A surpresa foi a alta, que não era esperada”, disse Ariane Benedito, economista da CM Capital, em referência à sequência de baixas do Ibovespa. Ela vê pouca sustentação para o índice acima de 110 mil pontos, em meio ao cenário atual de incertezas domésticas e externas.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), tido como prévia da inflação oficial, subiu 1,73% em abril, divulgou o IBGE, abaixo da projeção de alta de 1,85%, de pesquisa da Reuters. Mas o número segue mostrando aceleração, já que o aumento em março havia sido de 0,95%.

“Nós temos falado sobre como o cenário de inflação no país é desafiador e, mesmo assim, continuamos sendo surpreendidos pelas pressões inflacionárias generalizadas”, escreveram Solange Srour, Lucas Vilela e Rafael Castilho, do Credit Suisse, ao elevarem projeções de inflação para 2022 e 2023.

O IPCA-15 veio uma semana antes de decisão de política monetária do Banco Central, em que é majoritariamente esperada uma alta de 1 ponto percentual na Selic, que subiria a 12,75% ao ano. Os contratos de juros futuros, especialmente os de médio prazo, cederam na sessão.

Em Wall Street os principais índices fecharam entre estabilidade e leve alta. Resultados fortes de Microsoft e Visa, na sequência de intensas perdas na véspera, especialmente de papéis de tecnologia, deram algum alívio a temores que vinham derrubando os mercados quanto à desacelaração econômica.

DESTAQUES

– VALE ON ganhou 5,4%, após sete baixas seguidas, antes de divulgar balanço financeiro e após o minério de ferro avançar mais de 2% na China, em meio a preocupações alimentadas pelo surto de Covid-19 no país. O relatório operacional da mineradora divulgado na semana passada apontou queda nas vendas e na produção de minério de ferro no primeiro trimestre ante um ano antes, diante do efeitos de chuvas e atraso de licenças. Entre as siderúrgicas, GERDAU PN disparou 6% e CSN ON, 4,6%.

– WEG ON subiu 5,5%, após lucro líquido da fabricante de motores aumentar 23,5% no primeiro trimestre na comparação anual, em meio à elevação de margens de lucro e menores efeitos relacionados à crise na cadeia de suprimentos. Para o Citi, o resultado veio forte e com crescimento de alta qualidade na receita operacional líquida.

– HAPVIDA ON cedeu 5,8%, quarto recuo em cinco sessões. A Ativa Investimentos atribuiu o movimento à piora nas expectativas para o resultado do primeiro trimestre, puxada pelo aumento dos indicadores de desemprego, dado o impacto nos planos empresariais de saúde. Nos últimos dias, bancos publicaram prévias dos resultados da companhia, a serem divulgados dia 16 de maio. Analistas do Itaú BBA esperam números refletindo um ambiente desafiador para o saldo de captação de vidas.

– PETROBRAS PN fechou estável. A estatal divulga relatório de produção e vendas do primeiro trimestre nesta noite. Os números financeiros serão publicados em 5 de maio. 3R PETROLEUM ON perdeu 1,7% e PETRORIO ON cresceu 1,1%. Petróleo Brent subiu timidamente.

– VIA ON aumentou 1,3%, AMERICANAS ON caiu 0,1% e MAGAZINE LUIZA ON perdeu 1,5%, após empresas mostrarem alta forte na abertura.

– MARFRIG ON valorizou-se 4,8%, JBS ON apontou acréscimo de 3,8%, BRF ON expandiu 3,7% e MINERVA ON subiu 2,1%.

– AZUL PN diminuiu 3,2% e GOL PN reduziu 2,1%.

– DEXCO ON fechou 1,3% no positivo, antes de divulgar balanço trimestral.

– NEOENERGIA ON saltou 6%, maior alta desde maio de 2020, após registrar aumento de 20% no lucro líquido do primeiro trimestre ante um ano antes. Empresa vê interessados em sua fatia na concessionária de Belo Monte, segundo seu presidente-executivo.

(Por Andre Romani)

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