O Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) arrefeceu em maio, mas deve avançar em junho, de 0,41% para 0,61%, afirma o coordenador do indicador, Guilherme Moreira. A expectativa para o ano também é de maior pressão inflacionária, e a projeção oficial saltou de 5,02% para 5,40%, puxada por Habitação e Transportes.

Em junho, o índice que mede a inflação na cidade de São Paulo deve capturar melhor o aumento na energia elétrica, cuja bandeira tarifária saltou de amarela para vermelha 1 em maio, e já tem confirmação de novo avanço, para vermelha 2, neste mês. Como o IPC-Fipe mede os preços a partir de contas pagas, a alta ficou diluída em maio, mas deve contribuir para uma alta significativa de Habitação em junho, de 0,59% para 0,95%.

“Tem também o gás encanado”, acrescenta Moreira.

Embora a estimativa seja de desaceleração, Transportes devem seguir em patamar elevado (1,02% ante 1,20%), influenciados por combustíveis e automóveis, que já foram protagonistas nas leituras recentes. “Etanol deve começar a desacelerar, mas subiu muito em maio, e a metodologia é uma média móvel de quatro semanas”.

O índice do grupo Alimentação, por sua vez, deve continuar em nível baixo, de 0,04% para 0,19%. O coordenador do IPC-Fipe, porém, alerta que o número é enganoso, ainda distorcido pela sazonalidade dos produtos in natura (frutas). Semielaborados e industrializados, que avançaram 1,71% e 1,25% em maio, respectivamente, seguem no radar para novos aumentos. Com alta de 3,18% no mês passado, carnes bovinas já acumulam 10% no acumulado de 2021.

“As carnes pesam muito mais no orçamento do que as frutas, por isso a percepção de inflação de alimentos ainda é alta. A moral da história é que os custos no Brasil subiram muito, e isso estava demorando a contaminar os índices ao consumidor. A distância dos IGPs para o IPC era grande, não estava tendo o repasse. Mas isso não se mantém por muito tempo”, diz Moreira.