Quase 30 milhões de colombianos poderão votar, neste domingo, nas eleições legislativas que renovarão um dos congressos mais questionados dos últimos anos, com dezenas de parlamentares condenados por vínculos com grupos paramilitares e grupos criminosos.

O Congresso bicameral é de maioria governista, com 72 senadores e 103 representantes na Câmara da coalizão governamental. Está previsto que nestas eleições os partidos da situação mantenham primazia.

Nestas eleições, cuja segurança será resguardada por mais de 150.000 agentes, devem ser eleitos um total de 102 senadores, 166 representantes para a Câmara e cinco deputados para o Parlamento Andino, entre um total de 2.539 candidatos.

O horário de votação durará das 08h00 às 16h00 locais (das 10h00 às 18hH00 de Brasília), em 76.940 seções eleitorais distribuídas pelo país. Os colombianos moradores no exterior poderão votar em 60 países em um representante da Câmara.

O presidente colombiano, Alvaro Uribe, fez um apelo para que os colombianos votem e se mostrou confiante de que as eleições “transcorrerão em paz em todo o território”, embora tenha denunciado “pressões” de parte da guerrilha.

“As Forças Armadas estão fazendo um esforço maior e desejamos que tudo saia muito bem para a democracia da nossa pátria”, disse o presidente.

Horas depois desta declaração, a polícia colombiana informou ter encontrado e desativado um carro-bomba abandonado em uma rua do centro de Cali, terceira cidade do país, e atribuiu o fato à intenção da guerrilha das Farc de atrapalhar as eleições legislativas de domingo.

O Congresso atual é um dos mais criticados dos últimos anos, com dezenas de parlamentares investigados por supostos vínculos com grupos paramilitares, dos quais 12 já foram condenados.

Além disso, estas eleições ainda sofrem com a ameaça de financiamento ilegal, segundo a organização colombiana Missão de Observação Eleitoral, que denunciou campanhas de até 3,5 milhões de dólares por uma vaga no Senado.

A missão eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) também advertiu para o risco de que o tráfico de drogas tente influenciar as eleições.

“Temos ouvido muitas opiniões e todas parecem concordar em que continua havendo grupos de perfil criminoso, que não são os mesmos paramilitares, que estão vinculados de forma mais direta ao narcotráfico e que tentam influir de forma perversa na política”, disse o chileno Enrique Correa, chefe da missão da OEA, em entrevista, neste sábado, ao jornal El Tiempo.

“Continua existindo na Colômbia o risco de que o narcotráfico queira influenciar na política, como faz em todo o mundo”, acrescentou.

Neste processo eleitoral, foi retirada a inscrição de um partido apontado por supostos vínculos de seus dirigentes com grupos paramilitares.

No entanto, setores da oposição denunciaram que posteriormente foi formado outro partido político no qual também havia dirigentes investigados por supostas relações com grupos criminosos ou familiares destes.

As legislativas de domingo serão, ainda, a ocasião para que os partidos Conservador (situação) e Verde escolham em consultas internas a seu candidato presidencial para as eleições do próximo 30 de maio.

Com a escolha destes candidatos presidenciais começará de fato a campanha para a sucessão do presidente Alvaro Uribe, impedido de disputar o terceiro mandato consecutivo depois de uma decisão da Corte Constitucional que considerou ilegal a proposta de fazer um referendo sobre a reeleição.

Uribe, um advogado de direita de 57 anos e que mantém uma popularidade de mais de 60% depois de quase oito anos de governo, deixará a presidência em 7 de agosto.

Até agora, seu ex-ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, aparece como favorito para substituí-lo, com 23% das intenções de voto, seguido pelo esquerdista Gustavo Petro (11%), o ‘uribista’ Germán Vargas Lleras (9%), o independente Sergio Fajardo (9%) e o liberal Rafael Pardo (6%), segundo a mais recente pesquisa da empresa Invamer Gallup.

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