A coleta da inflação oficial no País terá parte conduzida por um robô de forma automatizada a partir de janeiro de 2020, segundo Gustavo Vitti Leite, coordenador de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), boa parte dos itens já tem coleta online, como passagem aérea, livro e produtos de maquiagem, lembrou Leite. No entanto, os técnicos ainda fazem a pesquisa manualmente.

“Os critérios metodológicos são mantidos, o que a gente está fazendo é automatizando o processo de coleta online. Estamos desenvolvendo uma ferramenta para coleta automática digital”, explicou o coordenador.

O nome da solução é webscraping, que faz uma varredura nos preços. Por enquanto o robô está em testes, mas o modelo de coleta automatizada passará a ser adotado no início do ano que vem.

“O preço dinâmico é uma realidade no Uber, na passagem aérea. A gente quer justamente captar essa realidade, eventuais promoções e ofertas obtidas pelas famílias, quanto elas estão pagando mesmo”, contou Leite. “O robô vai fazer essa varredura, automatizar o processo”, explicou.

Há casos em que itens possuem tanto a coleta online quanto a presencial, o que será mantido. “Alguns subitens eu vou ter que continuar mantendo a coleta presencial junto com a coleta automatizada. Tem um papel das lojas físicas ainda em diversas áreas, o consumidor tem necessidade de sentir o produto”, justificou.

Mudanças de hábitos

As mudanças nos hábitos de consumo das famílias reduziu o número de produtos que integram a inflação oficial no País. O total de subitens passará dos 383 pesquisados atualmente para 377 a partir da coleta de janeiro de 2020.

O IBGE divulgou nesta sexta-feira a nova ponderação que servirá como base para o cálculo do IPCA no ano que vem. A primeira divulgação sob a nova ponderação será em fevereiro, referente a janeiro.

As mudanças levam em consideração os pesos referentes à Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2008/2009, mais especificamente do mês de janeiro de 2009, com as contribuições atualizadas para a ponderação referente a janeiro de 2018, tendo como base as despesas monetárias das famílias captadas pela POF de 2017/2018.

“É uma prévia da estrutura que vai ser efetivamente implantada em janeiro de 2020. Temos a divulgação com a estrutura relacionada com o período de referência da POF, que é de janeiro de 2018. As ponderações das despesas monetárias foram convertidas a preços constantes de janeiro de 2018. Elas passarão por correção monetária mês a mês até dezembro de 2019, para obter a ponderação do IPCA de janeiro de 2020”, explicou Leite.

Os itens que já estão na cesta de consumo das famílias serão corrigidos pela variação deles mesmos no IPCA. Já os itens novos serão corrigidos por outros subitens similares, dos quais faziam parte.

O IPCA-15, a prévia da inflação oficial, passará a apropriar a nova ponderação apenas a partir de fevereiro de 2020.

O número de regiões pesquisadas não se alterou no IPCA nem no IPCA-15, apenas a contribuição de cada um dos locais para a média global. “A estrutura geográfica se mantém”, completou Leite.