Por Trevor Hunnicutt e Tom Westbrook

(Reuters) – O colapso do Silicon Valley Bank continuava afetando as ações de bancos globais nesta terça-feira, com investidores preocupados com a saúde financeira de alguns credores, apesar das garantias do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e de outros formuladores de políticas.

Um indicador de risco de crédito no sistema bancário da zona do euro atingiu seu nível mais alto desde meados de julho, conforme as tensões com o risco de contágio após o colapso de dois bancos dos EUA elevaram as preocupações dos investidores sobre o impacto nos credores do aumento das taxas de juros.

O índice de bancos europeus recuava nesta sessão, embora distante da mínima, quando caiu mais de 1%, um dia após registrar sua maior perda percentual em mais de um ano.

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As ações do Credit Suisse recuavam cerca de 2% depois que o banco disse que as saídas de clientes “se estabilizaram em níveis muito mais baixos, mas ainda não foram revertidas” em seu relatório anual de 2022.

E o britânico HSBC perdia cerca de 1% em seu quarto dia consecutivo de perdas. O HSBC comprou o braço britânico do SVB, resgatando um importante credor para start-ups de tecnologia no Reino Unido.

Mais cedo na Ásia, as ações do setor bancário estenderam suas quedas, com as empresas japonesas particularmente atingidas, depois que a ansiedade sobre o risco sistêmico provocou uma derrocada mais ampla nos mercados.

As instituições financeiras japonesas têm reservas de capital suficientes para absorver quaisquer perdas causadas por riscos externos, como o aumento das taxas de juros no exterior, disse o Banco do Japão nesta terça-feira, sem mencionar diretamente o colapso do SVB.

Os esforços de Biden para tranquilizar os mercados e depositantes após medidas emergenciais dos EUA para fortalecer os bancos, dando-lhes acesso a financiamento adicional, não conseguiram dissipar as preocupações dos investidores sobre o potencial contágio para outros bancos em todo o mundo.

“As corridas aos bancos começaram (e) os mercados interbancários ficaram estressados”, disse Damien Boey, estrategista-chefe de ações do banco de investimentos Barrenjoey, com sede em Sydney. “As medidas de liquidez deveriam ter parado essas dinâmicas, mas a Main Street está observando as notícias e as filas – não a engenharia financeira”.

Uma corrida para reavaliar as expectativas das taxas de juros também afetava os mercados, já que os investidores apostam que o Federal Reserve dos EUA relutará em aumentar na próxima semana.

Os traders atualmente veem uma chance de 50% de nenhum aumento de juro nessa reunião, com cortes de taxa precificados para o segundo semestre do ano. No início da semana passada, um aumento de 0,25 ponto percentual foi totalmente precificado, com 70% de chance de 0,50 ponto.

Os rendimentos de curto prazo na zona do euro caíram novamente, com os investidores apostando que o Banco Central Europeu vai moderar sua política de aperto na reunião de quinta-feira, com chances de um aumento do Banco da Inglaterra na próxima semana também diminuindo.

Yunosuke Ikeda, estrategista-chefe de ações da Nomura Securities, disse que a mudança para expectativas de aumentos do Fed muito menos agressivos também moderou a perspectiva de uma eventual mudança no Japão das taxas de juros ultrabaixas.

A perspectiva de taxas de juros mais altas era “a razão pela qual os investidores estão realmente entusiasmados com as ações dos bancos japoneses”, acrescentou Ikeda.

Analistas dizem que investidores continuam extremamente preocupados com a saúde dos bancos globais menores, a perspectiva de regulamentação mais rígida e a preferência por proteger os depositantes em detrimento dos acionistas caso outros bancos quebrem.

Uma onda de clientes solicitou a transferência de suas contas de bancos menores para grandes instituições dos EUA, como JPMorgan Chase e Citigroup, após o colapso do SVB na semana passada, informou o Financial Times nesta terça-feira.

Importantes bancos dos EUA perderam cerca de 90 bilhões de dólares em valor de mercado de ações na segunda-feira, elevando sua perda nos últimos três pregões para quase 190 bilhões de dólares.

(Por Trevor Hunicutt em Washington e Tom Westbrook em Cingapura; com reportagem adicional de Alun John em Londres e Rae Wee em Cingapura)

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