A Vale anunciou na quinta-feira 29, que pode pagar até R$ 2 bilhões pela Paranapanema, líder na produção de cobre refinado. O anúncio não caiu bem. A proposta, R$ 6,30 por ação, foi considerada alto. Segundo um relatório do Barclays Capital, a quantia é exagerada. A última vez que o papel esteve nesse valor foi em 26 de abril. 

 

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Pelas contas do mercado, a mineradora vai pagar um prêmio de 22,4% sobre a cotação média dos últimos três meses. Para os especialistas, esse não é o pior problema. “A aquisição é irrelevante do ponto de vista de valorização”, escreveu Leonardo Correa, do Barclays. 

 

Suas projeções indicam que a Vale vai pagar 29,4 vezes o preço lucro (P/L) da Paranapanema projetado para o ano. O máximo aceitável seria de 15 vezes. Ou seja, uma transação prejudicial aos acionistas minoritários da Vale.

 

A mineradora argumenta que as sinergias compensam o preço. No entanto, não detalhou como vai auferir esses ganhos. Mais uma vez, os analistas não gostaram. 

 

“A Paranapanema não é tão representativa para quem vale mais de R$ 240 bilhões no mercado”, diz Marcelo Varejão, da Socopa. O negócio perde relevância diante do lucro da Vale: R$ 6,63 bilhões no segundo trimestre, avanço de 344%.

 

Também se questiona  o interesse de fundos de pensão. “Será que os fundos pressionaram para que ocorresse essa negociação?”, pergunta um gestor de recursos. 

 

A Previ, fundação do Banco do Brasil, detém 24% da empresa. Vender as ações ajudará a minimizar o prejuízo de R$ 1,5 bilhão que, segundo analistas, teve com a Paranapanema. Não por acaso, seu presidente, Ricardo Flores, quer vendê-la.