Os empresários da indústria da construção estão menos confiantes e preocupados com as condições atuais da economia brasileira e da empresa nos primeiros quatro meses do ano. Isso é o que mostra a Sondagem Indústria da Construção, divulgada nesta segunda-feira, 24, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

De acordo com o levantamento, a avaliação negativa está mais intensa e disseminada neste ano, principalmente pelo impacto da elevada taxa de juros. Quatro em cada 10 empresários do setor veem impacto da alta da taxa Selic na desaceleração da atividade econômica. No primeiro trimestre de 2023, 37,4% das empresas assinalaram a taxa de juros como um dos três principais problemas enfrentados no período, um crescimento de 6,8 pontos porcentuais em relação ao quarto trimestre de 2022, destaca a CNI.

Em seguida, o problema mais citado foi a elevada carga tributária, a falta ou alto custo da matéria-prima. Apesar de o insumo ter deixado de ser o principal problema para a indústria da construção no terceiro trimestre de 2022, a avaliação do gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, é de que a aquisição de matéria-prima é ainda uma questão relevante. Atualmente, 21,3% dos industriais consideram a falta ou o alto custo da matéria-prima um problema. Segundo a CNI, antes da pandemia e da desorganização das cadeias produtivas, a média das respostas era de 8,2%.

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Com relação à empresa, houve aumento da insatisfação no primeiro trimestre do ano com o lucro operacional e com a situação financeira, com recuo da atividade e do emprego no mês de março. O índice que mede a intenção de investimento da indústria da construção caiu 5,5 pontos em abril, para 39,8 pontos, após dois meses consecutivos de alta.

Confiança

O Índice de Confiança do Empresário (Icei) da indústria da construção caiu 1,1 ponto, para 50 pontos. “O resultado do ICEI indica que os empresários estão observando a economia em compasso de espera, com o setor da construção sem mostrar confiança, tampouco desconfiança. A piora da avaliação sobre as condições atuais explica o resultado”, destaca a entidade.

A Sondagem mostra que a percepção dos empresários da indústria da construção em relação às condições atuais é negativa desde janeiro de 2023. Em abril, esse indicador ficou em 43,7 pontos, o menor valor desde abril de 2021.

O índice de expectativa recuou 0,7 ponto, para 53,1 pontos, ficando acima da linha de 50 pontos. Os indicadores da pesquisa variam de zero a 100 pontos, sendo que acima de 50 pontos indica uma expectativa positiva. “O otimismo é sustentado por perspectivas positivas para os próximos meses sobre a empresa. Já as expectativas para a economia brasileira seguem no campo negativo desde novembro de 2022 e tornaram-se mais negativas na passagem de março para abril”, destaca a CNI.

A Sondagem da Indústria da Construção ouviu 356 empresários, sendo 136 pequenos, 141 médios e 79 grandes empresas, entre os dias 3 e 13 de abril.