O acordo firmado entre a Ambev e a PepsiCo para distribuição do guaraná Antarctica no mercado internacional está perto de virar realidade. O início da venda desse refrigerante em países como os Estados Unidos deverá se acelerar graças a uma ajuda providencial da biotecnologia: os resultados positivos da experiência da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para desenvolvimento de clones do guaraná. Desde o início do ano, oito Estados ? principalmente Amazonas, Mato Grosso e Bahia ? sediam com sucesso o projeto Amazônia Oriental para melhoramento dos guaranazeiros, que consumirá em 2001 cerca de R$ 200 mil em investimentos. Os testes mostraram que, pelo sistema de clonagem, em que as mudas são criadas a partir do enraizamento de ramos, cada planta produz cerca de 1,5 quilo de frutos, enquanto o método convencional garante no máximo 220 gramas. Outras vantagens animaram a Ambev: a precocidade (uma muda de semente clonada antecipa o início da produção de três anos para um ano e meio) e a maior resistência a doenças, como o fungo antracnose. ?Graças a todas essas qualidades, os produtores e a indústria têm, acima de tudo, a certeza de lucros?, afirma André Luiz Attroch, pesquisador da Embrapa.

Com a garantia de um cultivo de melhor qualidade, a Ambev e a PepsiCo determinaram que, até o final de julho, toda a estratégia para a invasão do exterior com o guaraná brasileiro deverá estar definida. Por enquanto, a dona da Antarctica e da Brahma evita dar detalhes sobre a operação, limitando-se a informar que o produto tropical será envasado e distribuído pela companhia americana, que atua em 175 países. Porém, levantamento preliminar indica que as vendas externas do guaraná Antarctica deverão representar, em cinco a dez anos, 1% dos US$ 70 bilhões movimentados pelo setor de refrigerantes em todo o mundo. A data de lançamento da bebida, que deverá receber lá fora o rótulo ?The Brazilian Original?, ainda é segredo.