Cerca de 50 pessoas compareceram ao evento no Leblon, no Rio de Janeiro. O grupo de engravatados comemorou com drinques, refrigerantes e salgados a abertura da agência bancária. À primeira vista, a festa na Rua Ataulfo de Paiva poderia ser mais um ato rotineiro, quase burocrático. Se não fosse por um detalhe. Essa é a primeira agência que o Citibank abre no Brasil desde o ano 2000. Depois de muitos rumores e indefinição, o maior banco do mundo tem planos para o País. ?Estamos prontos para crescer?, anuncia o vice-presidente responsável pela área de varejo do Citi no Brasil, Gilberto Caldart.

 

Durante mais de um ano, o banco colocou as idéias no papel, preparou a estrutura e contratou pessoal. Agora, os projetos para o varejo estão sendo postos em prática. Até o fim de 2004, o Citi vai abrir 10 agências. Em 2005, serão 12. As obras já começaram em Copacabana e Botafogo, no Rio de Janeiro, e nas avenidas Faria Lima e Juscelino Kubitschek, em São Paulo. Todos os pontos terão características parecidas: visual moderno, até mesmo com uma parede em tom laranja, e a presença de greeters, recepcionistas para dar as boas-vindas aos clientes. O objetivo é agradar uma freguesia de alto padrão. ?Vamos dobrar nossa base em cinco anos?, diz Caldart.
Hoje, o banco tem 180 mil clientes de classe média e alta. Apesar
de serem bem menos do que os milhões de fregueses do Bradesco
ou do Itaú, eles têm um poder de fogo invejável. Numa conta aproximada, cada cliente aplica US$ 40 mil no banco. Com as novas agências, o Citi quer aumentar em 20% ao ano seu público com renda acima de R$ 6 mil. A princípio, o banco abrirá novos pontos de atendimento no Rio e em São Paulo. Depois, em outras capitais,
como Belo Horizonte e Porto Alegre.

 

Além dessa freguesia de classe média alta, o banco desenvolveu um plano para aumentar sua base entre os mais ricos. Importou das filiais da Ásia e da Europa um sistema de pesquisa do perfil dos clientes. Com base nesse estudo, oferece um pacote de aplicações financeiras específico para cada freguês. Foi criado também o que o banco chama de ?esquadrão de elite?. São 30 profissionais
dedicados a atrair clientes de altíssima renda,
com eventos de vinho, culinária, economia e artes.

 

Essa é uma das três pontas da estratégia do Citi: brigar pela preferência dos mais ricos. Outra ponta está no lado oposto da escala social. Há um ano, o Citigroup abriu sua financeira no Brasil, a Citifinancial. Em pontos de comércio popular, a Citifinancial oferece empréstimos para pessoas com renda de R$ 400 a R$ 3 mil por mês. Hoje, o grupo tem 11 financeiras no País. Até o fim do ano, serão abertas mais 15 e, em 2005, mais 25 lojas. O plano é chegar a 100 lojas dentro de três anos. Com isso, a financeira do Citi seria uma das cinco ou seis maiores do País. ?Oferecemos juros mais baixos do que a média para cativar os clientes?, diz Caldart.

 

A terceira ponta da estratégia é a mais ampla. Há um ano, o Citi decidiu ter sua própria administradora de cartões de crédito, fora da Credicard, empresa da qual é sócia. De lá para cá, o banco já distribuiu 600 mil cartões. ?Nesse ritmo, vamos dobrar o número de clientes a cada ano?, diz Caldart. É uma maneira de crescer junto à classe média, mesmo entre os que não têm condições de ser clientes do Citibank. Essas três estratégias significam que o Citi desistiu de comprar um banco no Brasil? Caldart desconversa. ?O que garanto é que não estamos de braços cruzados, esperando aquisições.
De um jeito ou de outro, vamos crescer.?