Os últimos 12 meses têm sido mais agitados do que de costume na Cisco Brasil. Sob comando do presidente Ricardo Mucci há pouco mais de um ano, a subsidiária teve de se adaptar a questões complexas como pandemia, oscilações do dólar, alta na procura por digitalização das empresas e, principalmente, criar soluções para novos modelos trabalho: completamente remoto ou híbrido. Essa intensa demanda ajuda a explicar o desempenho da operação brasileira. De agosto de 2021 a abril de 2022 (três trimestres fiscais pelo calendário da Cisco), o crescimento geral da empresa no Brasil ficou acima de 10%, segundo Mucci. No mesmo período, a Cisco cresceu 4% nas Américas (incluindo o Brasil), com receita de US$ 22,3 bilhões, e avançou 5% na média global, com faturamento de US$ 38,4 bilhões.

Para o presidente, a performance acima da média no País se deu pela maior necessidade de adaptação e transformação digital das empresas brasileiras. Por isso, a Cisco tropicalizou e desenvolveu novas soluções que vão da plataforma de videoconferência e nuvem a cibersegurança. “Mudança drástica em todos os modelos”, disse Mucci.

Em um momento em que digitalizar não é mais uma opção, mas uma necessidade, a Cisco foi fornecedora de soluções, o que resultou em um bom balanço para a operação. Com serviços, softwares e produtos variados para os diferentes tipos de indústria, a empresa foi grande beneficiária do modelo híbrido de trabalho, tanto que tem nele uma das prioridades de sua atuação, junto com infraestrutura, segurança e aplicações para ambientes multi-cloud. “Voltamos aos resultados que fazíamos antes da pandemia”, afirmou o presidente.

Essa corrida pela digitalização das empresas é intensa e considera investimentos em diferentes frentes que são oferecidas na atuação da Cisco. Um estudo da The Economist Intelligence Unit, encomendado pela Microsoft, mostra que durante a pandemia, 50% das empresas ampliaram o uso de tecnologias de nuvem, 40% em aplicativos e ferramentas que permitem o trabalho remoto, 33% em Inteligência artificial e machine learning, 31% em Internet das Coisas e 28% em automação. Tudo para que pudessem operar em meio às novas necessidades da sociedade. “Todos se reinventaram e quem não conseguiu achar essa alternativa infelizmente não está mais aqui, ou está com as portas fechadas”, disse Mucci.

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Soma-se às transformações aceleradas pela pandemia, a chegada do 5G. De olho em um mercado que pode chegar a US$ 30,08 bilhões até 2030, a Cisco passou a oferecer para seus clientes o serviço de 5G privado. Em parceria com outras empresas e ofertado pela NTT e Logicalis, companhias poderão contratar a rede e pagar conforme o uso. “A grande revolução do 5G está na capacidade de conectar coisas. Possibilidade de olhar para o mundo de fora e gerar novos sensores”, disse Mucci. Para que funcione, a rede será usada em um espectro específico e licenciado, onde as empresas terão uma extensão de suas redes, através do 5G, usufruindo de seus benefícios como maior velocidade e baixo delay.

TRANSFORMAÇÃO Integrando a atuação da empresa no País, a Cisco desenvolve o programa Brasil Digital Inclusivo (BDI), como parte de uma ação global, na busca por desenvolver projetos e parcerias com foco na inovação e transformação digital. “A corporação traz dinheiro de fomento para o País com uma visão de fundo perdido”, disse Mucci. Em um novo ciclo, a ser iniciado em agosto, o programa terá três focos: soluções para o judiciário, para a indústria, e tecnologia para a gestão de crônicos na área da saúde, em parceria com o instituto de inovação do Hospital das Clínicas.

No que tange a educação e capacitação de profissionais de tecnologia, em falta no Brasil, a empresa dispõe da Networking Academy, com foco em educação para empregabilidade. No Brasil, já foram mais de 500 mil alunos impactados, sendo que 60% deles saem empregados, seja na própria Cisco, entre os 2,2 mil parceiros de negócio ou na concorrência. São mais de mil academias ativas e 3 mil instrutores em todo o País. Já em conjunto com o BDI a academia desenvolve o programa Cyber Educação, que já formou mais de 2,5 mil alunos.

No próximo ano para o presidente da Cisco no Brasil fica o desafio contínuo de manter o crescimento e de guiar a empresa por um caminho de transformação intensa que se iniciou em meio a uma crise, mas que não deve acabar tão cedo.