Por Abdirahman Hussein

MOGADÍCIO (Reuters) – Dezenas de somalis posaram para selfies e conversaram animadamente em fileiras de cadeiras de pelúcia vermelha enquanto esperavam o início da primeira exibição de cinema no país em três décadas.

Entre a plateia do Teatro Nacional estava Kaif Jama, de 24 anos, roteirista e estrela dos dois filmes em cartaz: o terror “Hoos”, sobre uma mulher solteira que se muda para uma casa vazia, e uma comédia não tão romântica intitulada “Date from Hell”.

“Isto significa algo para todos, incluindo eu. Isto é para cada somali que quer fazer filmes”, disse Jama, que usava um vestido tradicional com listras prateadas, amarelas e verdes.

Ela deixou a Somália quando tinha seis anos e circulou entre o Quênia e Uganda até se estabelecer no Cairo aos 19 anos.

Desde então, ela já fez 60 curtas-metragens e esquetes com o cineasta conterrâneo Ibrahim CM.

Há anos os somalis assistem filmes indianos e árabes em suas televisões, contou ela. “Mas se nossos próprios filmes forem para o cinema e as TVs, cada pessoa e criança somali será moldada e influenciada por sua própria cultura.”

Militantes islâmicos que assumiram o controle do país em 2006 fecharam o Teatro Nacional, proibindo todo tipo de entretenimento “pecaminoso”, mas tropas da União Africana retomaram a capital em 2011 e o novo governo de apoio ocidental o reabriu no ano seguinte.

“A ultima vez que assisti filmes no cinema foi em 1991”, contou Hassan Abdulahi Mohamed, morador de Mogadício.

tagreuters.com2021binary_LYNXMPEH8M0QR-BASEIMAGE