Em 17 dias, os Estados Unidos passaram de 4 milhões a 5 milhões de casos de coronavírus, e a Covid-19 está presente em todo o território. Segue abaixo um quadro da situação:

– As notícias menos ruins –

Após um desconfinamento precipitado, os Estados Unidos sofreram, em junho, um novo surto em boa parte do seu território. Em meados de julho, chegaram a um pico de mais de 70 mil novos infectados por dia.

Nos últimos sete dias, no entanto, houve uma queda: a média diária de novos casos caiu para 50 mil. Resta saber por quanto tempo esta tendência irá se manter, uma vez que a mesma é influenciada por uma redução do número de testes realizados ligada ao mau tempo.

Ante o novo surto, vários estados impuseram o uso da máscara e voltaram a paralisar atividades econômicas, o que deu resultado em estados como o Arizona.

Os Estados Unidos não voltaram aos números de mortos da primavera local, quando um em cada cinco habitantes de Nova York estava infectado. A mortalidade menor de hoje é atribuída ao fato de os infectados serem mais jovens, terem sido autorizados dois tratamentos e os médicos estarem mais experientes. Ainda assim, desde o fim de julho, os Estados Unidos registram cerca de mil mortos por dia.

– As notícias ruins –

A epidemia nos Estados Unidos é alarmante. Onze estados, entre eles o Texas e a maioria dos estados do sul, são considerados ativos e aparecem em vermelho no mapa do site CovidActNow, que leva em conta cinco indicadores. Quinze estados, a maioria localizada no nordeste, mostram um crescimento fraco do número de casos da doença.

Apesar da circulação do vírus, estados como Misisipi e Georgia reabriram as escolas este mês, o que faz temer mais ambientes de contágio. Cerca de 100 mil crianças se infectaram antes do retorno às aulas, segundo a academia americana de pediatria, o que representa um aumento de 40% em duas semanas.

– Volta às aulas –

Anthony Fauci, principal especialista em infectologia do governo americano, aponta entre as causas do aumento do número de casos o desconfinamento ocorrido devido à pressão do presidente Donald Trump, realizado pulando etapas – exceto em Nova York – e sem aguardar a estabilização da curva da epidemia.

Fauci não se cansa de pedir os devidos cuidados pessoais e sociais. “No nosso país, há coisas que não são compreendidas. Quando você tem algo que precisa de que todos se esforcem ao mesmo tempo, se você tiver alguém que não esteja fazendo isso, você não consegue chegar ao fim do jogo”, assinalou o médico na última sexta-feira. “Não precisamos de um lockdown se fizermos as coisas da forma correta.”

Mas a desordem da volta às aulas lembra a que reinou nos Estados Unidos no começo da pandemia, quando faltaram máscaras, respiradores e testes de detecção da doença. Além disso, Trump decidiu transferir a responsabilidade para os estados.

“Constatamos os efeitos da ausência de liderança federal no início, com os equipamentos de proteção. Depois, observamos as consequências na detecção da doença. Agora, elas aparecem na política educativa”, denuncia Thomas Tsai, especialista da universidade de Harvard.

A prioridade do presidente americano na crise sanitária é acelerar a descoberta de tratamentos e, principalmente, de uma vacina, o que ele espera que aconteça antes das eleições presidenciais de novembro. Nesta aposta, seu governo já gastou cerca de 9 bilhões de dólares para encontrar uma vacina e novos tratamentos, segundo estimativas da AFP.