Os resíduos de fezes e urina de vacas são um problema global de poluição. Nesse sentido, pesquisadores treinaram vacas para usar um banheiro buscando reduzir os efeitos nocivos destes resíduos. E elas aprenderam, aliás, mais rápido que crianças.

O Brasil foi, em 2020 o maior exportador de carne bovina do planeta, de acordo com a Embrapa. Fora isso, as criações de vacas para a produção de carne, sobretudo, estão aumentando de forma acelerada. Essa expansão das fronteiras pecuárias, inclusive, é um dos eventos que mais ameaça a Amazônia hoje.

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Para além do desmatamento, todavia, as vacas sozinhas já poluem o ambiente. Isso porque os bovinos produzem altas quantidades de gás metano intestinal, um gás estufa ainda muito mais potente que o gás carbônico.

Além do mais, a urina do gado pode penetrar em lençóis freáticos, possivelmente contaminando corpos d’água e ameaçando diretamente a saúde humana. Combinações entre as fezes e a urina no solo ainda podem gerar mais gases estufa e até criar problemas respiratórios em vacas e humanos.

Tendo isso em vista, um grupo de pesquisadores teve a brilhante ideia de tentar ensinar 16 bezerros a usar um banheiro específico, ao invés de fazerem suas necessidades em qualquer lugar. Surpreendentemente, em 10 sessões de treinamento, 11 dos bezerros já usavam o banheiro da forma correta, em média em 77% das vezes que faziam necessidades.

Como é de se imaginar, o banheiro das vacas precisou ser adaptado, obviamente, à anatomia destes animais. Assim, a equipe de pesquisadores criou um pequeno cercado com grama sintética e uma latrina. Cada vez que os bezerros urinavam dentro deste cercado, eles ganhavam um prêmio, seja melaço ou cevada.

Após este primeiro estágio, os animais receberam uma segunda opção. Um segundo cercado foi conectado à latrina, com um portão separando o banheiro do outro local. Os animais poderiam, portanto, abrir esse portão empurrando-o.

Assim, quando os animais preferiam urinar na latrina, eles continuavam recebendo o prêmio. No entanto, quando as pequenas vacas urinavam no segundo cercado, elas recebiam pequenos esguichos de água de 3 segundos de duração – algo considerado desconfortável para os animais.

Após todo o processo de treinamento, relatado no periódico Current Biology, os pesquisadores afirmam que o aprendizado dos bezerros foi bastante melhor do que o de crianças aprendendo a usar o banheiro.

Lindsay Matthews, co-autor da pesquisa afirma: “Foi fascinante o quão rápido eles aprenderam. A média foi de 20 urinações do começo ao fim. Foi inacreditável.”

O oxido nitroso, por exemplo, é um ds gases produzidos pela decomposição da urina e das fezes em combinação. De acordo com os autores, esse gás pode ser até 10 vezes mais potente que o metano no efeito estufa. Outros compostos nitrogenados também podem escoar para corpos de água e promover a floração de algas, causando toxicidade e eutrofização.

Agora, portanto, a equipe tem o desafio de escalonar o treinamento de forma acessível para fazendas e criadouros.