Cientistas do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) conseguiram, pela primeira vez no Brasil, isolar a cepa da variante Ômicron em células. Com isso, laboratórios pelo País poderão trabalhar em uma forma de detectar a variante com mais rapidez, além de testar a eficácia das vacinas contra a cepa da Covid-19.

Essas amostras coletadas foram obtidas de um casal de brasileiros que mora na África do Sul e estava viajando ao Brasil. Segundo a Agência Fapesp, instituição pública que apoia o projeto, o casal passou por exames no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde foi detectada a infecção e as amostras foram enviadas ao ICB-USP na última quarta-feira (8).

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“Agora, estamos preparando alíquotas da cepa ômicron para poder distribuir para laboratórios e grupos de pesquisadores que queiram padronizar novos testes para identificar essa variante rapidamente em outras cidades e Estados”, disse à Fapesp Edison Luiz Durigon, professor do ICB.

O ICB aplicou a mesma técnica de isolamento da Ômicron na variante original do coronavírus, no início do ano passado. É uma neutralização por efeito citopático, a VNT, aprimorada durante a epidemia de zika vírus.

Essas amostras são incubadas em culturas de células Vero e armazenadas em uma estufa entre 48 e 72 horas. É neste período que os cientistas observam mudanças – o chamado efeito citopático – nas células hospedeiras.

“As células ficam bastante arredondadas. Algumas variantes do SARS-CoV-2 causam até sincícios [formação de células multinucleadas por fusão de células uninucleadas ou por muitas divisões celulares incompletas de células]”, explicou Durigon.

As previsões dos cientistas é de que em duas semanas haverá estoque suficiente do vírus para dar início à distribuição para outros laboratórios do País.