Uma equipe de pesquisa do Observatório Astronômico Nacional do Japão capturou imagens de um cometa próximo ao Sol se desintegrando.

A equipe de astrônomos utilizou uma frota de telescópios líderes mundiais que estavam tanto no solo quanto no espaço para capturar imagens de um cometa rochoso próximo ao Sol se desintegrando. Esta é a primeira vez que os cientistas capturaram imagens de um cometa se desintegrando e a equipe de pesquisa observou que essa observação poderia ajudar a explicar a escassez de tais cometas periódicos próximos ao Sol. Esses resultados foram publicados no Astronomical Journal em 14 de junho de 2022.

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O amplo campo de visão do Telescópio Subaru, no Havaí, permitiu que os cientistas encontrassem o cometa 323P/SOHO à medida que ele se aproximava do Sol. Esta foi a primeira vez que os pesquisadores o observaram com um telescópio, o que permitiu delimitar melhor sua órbita pouco conhecida.

Feito isso, os astrônomos puderam finalmente apontar outros telescópios para o cometa 323P/SOHO, enquanto esperavam que ele se afastasse do Sol novamente. Foram utilizados no estudo: o Telescópio Canadá-França-Havaí, localizado no cume do vulcão havaiano Mauna Kea; o telescópio Gemini North do Observatório Gemini, que também é no Havaí; o Lowell Discovery Telescope, do estado americano do Arizona, e o Telescópio Espacial Hubble.

Segundo as observações, a rocha espacial gira rapidamente, levando pouco mais de meia hora por volta ao redor do Sol. Sua cor varia tanto que não se assemelha a nenhum outro objeto no Sistema Solar. “A coloração é bizarra e muda temporalmente de uma maneira nunca antes vista”, revelou Hui.

Man-To Hui, primeiro autor do estudo, contou em um comunicado que, para a surpresa da equipe de pesquisadores, 323P/SOHO mudou de aparência durante sua passagem próxima ao Sol. O que antes era nada mais do que um ponto, acabou se tornando a longa cauda do cometa com poeira ejetada.

Os cientistas acreditam que a intensa radiação solar fez com que partes do objeto se quebrassem, em um processo semelhante ao que acontece quando cubos de gelo entram em contato com um líquido quente e acabam trincando e se despedaçando.

Para os autores, tal mecanismo de perda de massa pode explicar o que acontece com os cometas próximos do Sol e por que são tão raros.

Embora a proximidade com a estrela faça com que esses corpos sejam tecnicamente difíceis de se observar, cientistas acreditam que realmente existam menos cometas perto do Sol, o que pode indicar que algo os aniquila antes que eles consigam mergulhar no astro. Novos estudos devem trazer a resposta para esse enigma (além de novas perguntas).

Como esses cometas em órbitas próximas ao Sol são criados?

O Sistema Solar é considerado um lugar perigoso na comunidade científica há décadas. Livros didáticos demonstram figuras de corpos celestes circulando ao redor do Sol em órbitas ordenadas. No entanto, isso ocorre porque se a órbita de um objeto não se encaixa nesse padrão, os efeitos gravitacionais de outros objetos desestabilizam a órbita.

Além disso, um resultado comum para tais corpos ejetados é se tornarem cometas em órbitas próximas ao Sol, onde eventualmente mergulharão no Sol. Portanto, como esses cometas passam tão perto do Sol, são difíceis de descobrir e estudar. A maioria foi descoberta por engano em observações de telescópios solares.

No entanto, mesmo levando em conta esses fatores , há consideravelmente menos cometas próximos ao Sol do que o esperado, indicando que algo os está destruindo antes que eles tenham a chance de fazer sua descida final fatal ao Sol.