Um comitê científico que assessora o governo da Bolívia alertou nesta segunda-feira (29) sobre o consumo do dióxido de cloro para tratar a COVID-19 e seus graves danos à saúde, devido às recomendações e solicitações de uso.

“O dióxido de cloro é uma substância usada como desinfetante de superfícies e alvejante de materiais orgânicos. Sua ingestão tem vários efeitos colaterais”, disse o comitê em um comunicado divulgado pelo Ministério da Saúde.

Durante a última semana, surgiram na Bolívia versões nas redes sociais sobre seus benefícios para combater a COVID-19, que até o momento infectou 31.524 pessoas e deixou 1.014 mortos no país, desde o seu surgimento no início de março.

Ainda assim, a Universidade Juan Misael Saracho da região de Tarija (sul) anunciou que seus laboratórios químicos começarão a fabricar dióxido de cloro para o uso em hospitais locais, e uma organização de moradores da cidade de El Alto solicitou seu uso ao governo.

Entre os efeitos colaterais estão a “insuficiência respiratória, metemoglobinemia (transtorno sanguíneo), hipotensão aguda (pressão arterial baixa), insuficiência hepática, anemia, vômitos e diarreia”.

Além disso, mencionou também que “não existe nenhuma publicação em revistas médicas científicas sobre seus efeitos contra a COVID-19”, e enfatizou que diferentes agências internacionais de saúde o classificam “como tóxico para a saúde pública pela concentração de seus ingredientes”.

O comitê científico afirmou que o consumo deste produto “pode interferir” na aplicação de medidas de prevenção apropriadas contra o coronavírus e “promover o abandono de outras medidas que demostraram ser eficazes e seguras”.

Nos Estados Unidos e em outros países, seu uso foi proibido para combater o coronavírus. Na Austrália, uma igreja foi multada pelo governo por fazer propaganda desse produto.