Um cientista iraniano retornou nesta segunda-feira (8) a Teerã após sua libertação da prisão nos Estados Unidos, no âmbito de uma troca de detentos, segundo a República Islâmica, que espera que o ato seja repetido entre os países rivais.

Majid Taheri – um ítalo-iraniano que trabalhava em uma clínica de Tampa, Flórida – estava detido nos Estados Unidos há 16 meses.

O cientista foi liberado na quinta-feira, enquanto Teerã liberou Michael White, um ex-militar da Marinha americana detido na República Islâmica em julho de 2018.

Em sua chegada ao aeroporto internacional Imã Khomeini de Teerã, Taheri foi recebido por Hosein Jaberi Ansari, vice-ministro das Relações Exteriores

A imprensa iraniana publicou fotos dos dois homens conversando com jornalistas.

“Espero ver a libertação (de outros iranianos detidos no exterior) em um futuro próximo”, declarou Ansari.

O vice-ministro afirmou que o cientista foi liberado após meses de esforços do ministério, em coordenação com a Suíça, que representa os interesses dos Estados Unidos no Irã, já que os dois países não têm relações diplomáticas desde 1980

Taheri, que se apresentou como “médico iraniano acusado de ter evitado as sanções americanas”, agradeceu o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif.

“Agradeço ao governo da República Islâmica do Irã, aos queridos dirigentes, entre eles o senhor Zarif, que trabalhou duro, e outras autoridades que levaram meses para conseguir minha libertação”, declarou.

Taheri foi o segundo cientista a retornar dos Estados Unidos para o Irã na semana passada, após a volta de Cyrous Asgari na quarta-feira.

Taheri foi acusado de violar as sanções americanas ao enviar um artigo técnico ao Irã. Em dezembro ele se declarou culpado de violar as obrigações de declarações financeiras, por depositar 277.344 dólares em um banco, comparecendo várias vezes com dinheiro em espécie, de acordo com documentos judiciais.

Nesta segunda-feira, o cientista rejeitou as acusações, que chamou de “injustas e falsas”, de acordo com a agência Fars.

“Ajudava a universidade a desenvolver uma vacina contra o câncer, em particular para as mulheres”, disse.

O Irã ofereceu diversas vezes a possibilidade de uma troca de prisioneiros com os Estados Unidos.

As relações tensas entre os dois países passam por uma fase glacial desde que o presidente Donald Trump se retirou, em 2018, do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano, assinado três anos antes.

Trump, que considera insuficientes as garantias negociadas em 2015, iniciou uma campanha de pressão máxima contra a República Islâmica, inimiga de Washington há mais de 40 anos.

Após a libertação de White, Trump expressou, no entanto, a esperança de avançar com o Irã.

“Obrigado ao Irã, isto demonstra que um acordo é possível”, escreveu o presidente americano no Twitter.

Três americanos continuam detidos no Irã, todos de origem iraniana. Teerã, que não reconhece a dupla cidadania, os considera como seus cidadãos.