A ideia do governo de Nova York em criar pedágios em áreas urbanas deve se espalhar para outros grandes centros dos Estados Unidos, segundo reportagem do The New York Times publicada nesta semana. A prefeitura da Big Apple anunciou a cobrança nos bairros mais congestionados de Manhattan a partir de 2021. O preço ainda não foi definido, mas analistas acreditam que será uma taxa de US$ 12 por dia para carros de passeio e US$ 25 para caminhões.

A medida é uma forma de desencorajar o trânsito de veículos e estimular os cidadãos usarem o transporte público, afirmou a prefeitura. Segundo o governo, o valor arrecadado será usado na manutenção e expansão da malha de trens, metrôs e ônibus da cidade.

Para os críticos, a proposta irá punir a população mais pobre. Com os preços de habitação próximas da área central inflacionados, famílias sem grandes recursos são obrigadas a se mudarem para regiões mais afastadas, justamente àquelas com menores opções de transporte público.

Apesar dos pontos polêmicos, outras cidades estudam adotar o projeto. Los Angeles, São Francisco e Filadélfia já estão em fase avançada de planejamento, enquanto a prefeita de Seattle, Jenny Durkan, quer implementar os pedágios urbanos até o fim do seu mandato, em 2021.

O caos viário nos EUA foi agravado nos últimos anos com a popularização de aplicativos de transporte, como Uber e Lyft, além da disseminação de empresas de entrega lideradas pela Amazon. Segundo a empresa de análise de transporte INRIX, a velocidade média nos centros urbanos caiu de 29 km/h em 2015 para 24 km/h no ano passado.

Os motoristas passaram em média 97 horas no trânsito no ano passado, contra 82 em 2015. Além da perda de qualidade de vida, o marasmo traz prejuízo econômico de US$ 87 bilhões em perda de produtividade, acima dos US$ 74 bilhões de 2015.

A falta de planejamento também contribuiu para a situação atual. Por décadas, a solução para acabar com os engarrafamentos foi construir novas vias ou alargar as já existentes, ao invés de estimular o uso de transporte coletivo.

O número de pessoas dirigindo para trabalhar subiu para cerca de 130 milhões em 2017, acima dos 121 milhões em 2012, de acordo com uma análise dos dados do censo da Social Explorer. Desses, mais de 116 milhões dirigiam sozinhos e apenas 8 milhões de trabalhadores pegaram o transporte público.