Com lojas fechadas e ruas desertas, cerca de 90 mil habitantes da cidade indígena de San Martín Jilotepeque, no oeste da Guatemala, permaneciam confinados nesta sexta-feira (9), na tentativa de conter as infecções por covid-19, que voltaram a aumentar no país centro-americano.

“Foi tomada a decisão de criar um cordão sanitário total, onde a mobilidade é restrita”, disse à AFP Bartolomé Chocoj, prefeito do município de Maya-kaqchikel, localizado a cerca de 30 quilômetros da Cidade da Guatemala.

Chocoj explicou que decidiram fechar o município após saberem de várias infecções não relatadas nas estatísticas oficiais do Ministério da Saúde, que registram atualmente 1.190 casos suspeitos, 98 pessoas em quarentena e 14 mortes por covid-19. “Há casos que nunca foram registrados, que nunca foram encaminhados a um médico (…). Foram riscos latentes ou são casos que andaram na rua e que podem representar o contágio de outras pessoas”, acrescentou.

O município ficará cercado até domingo, com a vigilância de policiais e militares, que permitem a entrada de pessoas e veículos em casos especiais e a entrega de alimentos em domicílio. Além disso, comércios permanecerão fechados, como o mercado municipal, onde diversos fornecedores mostraram-se insatisfeitos com a medida.

“Temos que fazer pagamentos, como aluguel, filhos para sustentar. Se não vamos morrer de covid, vamos morrer de fome”, lamentou Elena Xajil, 36, comerciante de verduras. “Para nós é uma grande perda, porque vivemos disso, não temos outro emprego”, disse o vendedor de frutas Antonio Lobos (58).

Ao longo de 2020, autoridades guatemaltecas estabeleceram cordões sanitários em vários municípios para controlar a disseminação do vírus. Em alguns casos, ocorreram confrontos entre policiais e moradores insatisfeitos com as restrições.

Com 17 milhões de habitantes, a Guatemala somava 314.302 casos e 9.643 mortes por covid-19 nesta sexta-feira. Embora nos últimos dias as infecções estejam em torno de 3.000 em 24h, o presidente Alejandro Giammattei, criticado por seu enfrentamento da pandemia, descartou o fechamento das fronteiras, como fez entre março e setembro de 2020.