Um ciclone ganhou intensidade nesta segunda-feira ao atingir o norte das ilhas Vanuatu, no Pacífico Sul, e ameaça provocar uma catástrofe natural que, segundo especialistas, debilitaria o país pobre na luta para permanecer à margem da pandemia do novo coronavírus.

O ciclone tropical Harold, que deixou pelo menos cinco mortos e 22 desaparecidos nas Ilhas Salomão no fim da semana, se fortaleceu no domingo ao avançar para o leste, informou o serviço meteorológico de Vanuatu.

Os ventos atingem os 235 km/h e as autoridades alertaram várias províncias de Vanuatu, país de 300.000 habitantes composto por 80 ilhas que se estendem por 1.300 km.

O ciclone tocou o solo na remota costa leste da ilha do Espírito Santo na manhã desta segunda-feira e seguia em direção à segunda maior cidade do arquipélago, Luganville, que tem população de 16.500 habitantes.

Os moradores foram advertidos para o risco de inundações e as autoridades pediram que os barcos permaneçam no porto.

A previsão é de que o ciclone Harold alcance na manhã de terça-feira o norte da capital, Port Vila.

“No momento, não temos informações sobre feridos, e sim de muitos danos”, afirmou a secretária-geral da Cruz Vermelha de Vanuatu, Jacqueline de Gaillande, à AFP.

Outra preocupação é o impacto que um grande desastre natural poderia ter nos esforços de Vanuatu para permanecer como um dos poucos países do mundo livre da COVID-19.

Vanuatu fechou virtualmente suas fronteiras para evitar o vírus, mas medidas de emergência, como a proibição de reuniões públicas, foram suspensas para permitir que as pessoas seguissem até os abrigos.

“O foco era o COVID-19 e agora mudou para a resposta ao ciclone”, disse Augustine Garae, coordenadora da Cruz Vermelha de Vanuatu.

“Entendemos que algumas pessoas em algumas comunidades não estão bem preparadas”, completou.

Um ciclone de mesma intensidade devastou a capital de Vanuatu em 2015 e matou 11 pessoas e exigiu uma operação de ajuda internacional.

Se algo semelhante for necessário agora, existe o risco de importação do vírus ao país, que carece de uma infraestrutura de saúde para enfrentar inclusive um foco moderado.

Em seu avanço, o ciclone Harold provocou muitos danos das Ilhas Salomão.

Ao menos cinco pessoas morreram e 22 estão desaparecidas depois que um ferry fretado como parte da luta contra o novo coronavírus foi arrasado pelas ondas produzidas pelo ciclone, informou no domingo a polícia local.

O “MV Taimareho” zarpou na noite de quinta-feira da capital, Honiara, em direção a West Are’are, na ilha de Malaita, a mais de 120 km de distância. O trajeto fazia parte de um programa governamental para evacuar as pessoas para seus povoados de origem com a finalidade de lutar contra a pandemia do novo coronavírus.