Plantada entre montanhas e florestas, à beira do Oceano Pacífico, Seattle, nos Estados Unidos, seria uma das primeiras colocadas em qualquer campeonato de chuva per capita. Na região, o céu despeja água quase todos os dias. Apesar dessa característica, Seattle e as pequenas cidades da vizinhança estão envolvidas em uma intensa campanha de marketing. A intenção é atrair mais companhias de alta tecnologia para a região e roubar do ensolarado Vale do Silício, na Califórnia, o título de lugar com maior densidade de empresas do setor no país. Esse plano começou a ser executado no ano passado e deve durar mais três anos. O Centro de Tecnologia de Washington, associação que reúne uma significativa parcela das mais importantes companhias da região, é quem lidera o movimento. O projeto prevê consolidar o atual parque tecnológico com a atração de companhias tradicionais do ramo e montagem de um centro de vanguarda de negócios na área de biotecnologia.

A tarefa se mostra difícil, mas Seattle, a principal cidade do Estado de Washington (Washington DC é a capital dos EUA e fica próxima a Nova York), tem o apoio de pesos pesados como a Microsoft, a loja virtual Amazon e a companhia de telefonia AT&T Wireless, que têm suas sedes na região. As receitas dessas companhias somaram no ano passado cerca de US$ 60 bilhões. Lá também estão a fabricante de aviões Boeing e a multinacional de café Starbucks. Seattle aposta em vários requisitos para ganhar a disputa. São 23,5 mil empregados em empresas do setor que ganham por ano uma média de US$ 287 mil em salários e bônus. Por domicílio, a receita anual da cidade é de US$ 43 mil contra a média de US$ 41 mil do país. Em Redmond, que fica na grande Seattle, esse valor é de US$ 66 mil anuais.

Tecnologia faz parte da rotina local. ?Em Seattle se respira conhecimento e inovação?, diz David Turnbull, fundador do site de comércio eletrônico Collegegear.com. A afirmação pode ser explicada por alguns dados: 53,6% das 736,5 mil pessoas que moram na Grande Seattle têm diploma universitário, a cidade hospeda quatro das grandes universidades no Estado, como a Seattle University, que nos últimos 20 anos incubou 170 negócios nas áreas de tecnologia e biotecnologia. Não surpreende que a cidade tenha sido escolhida pela Teradata, empresa americana de programas de armazenamento e análise de banco de dados, para sediar a edição do Partners 2004, evento anual que reúne analistas e clientes de todo o mundo. Comemorando 25 anos em 2004, a companhia bateu um novo recorde no evento: 2,8 mil clientes de 40 países. ?Existe uma grande simpatia das pessoas em todo o mundo por Seattle?, diz Phil Neches, um dos fundadores da Teradata. É nessa simpatia que Seattle aposta.

US$ 43 mil é a renda média anual dos domicílios de
Seattle contra a média de US$ 41 mil do resto dos EUA