O “Campo del Cielo” não é apenas um nome poético, mas a descrição precisa de uma vasta região do norte da Argentina na qual uma chuva de meteoros caiu 4 mil anos atrás após explosão na atmosfera de um asteróide de mais de 800 toneladas, cujos fragmentos ainda estão sendo recuperados.

“É uma das maiores áreas de dispersão de meteoritos do mundo e a única de onde se recuperou tal quantidade de massa”, diz Mario Vesconi, presidente da Chaco Astronomy Association (ACHA), pesquisador especialista em Geofísica do grupo e co-descobridor de 6 dos 8 meteoritos de várias toneladas de “Campo del Cielo”.

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As 400 toneladas de sideritas (meteoritos metálicos) que atingiram a Terra a 14 mil km/h (metade da massa total foi perdida por vaporização) se espalharam por uma área de 240.000 hectares que atualmente é compartilhada pelas províncias de Chaco e Santiago do Estero.

“Temos duas áreas definidas: o campo de crateras, onde estão essas 28 crateras, e a área ainda maior de dispersão, de fragmentos pequenos ou não tão pequenos”, diz o pesquisador.

Mais de 100 toneladas já foram recuperadas, grande parte delas está concentrada no meteorito “El Chaco” (33.400 quilos), encontrado em 1969, o segundo no “ranking” mundial depois do “Hoba” (66.000 kg) na Namíbia (África). Desde 2015, todos esses achados podem ser visitados no Parque Científico e Educacional “Campo del Cielo”, localizado na reserva provincial do Chaco com o mesmo nome. Existe o maior número de peças recuperadas e um circuito de crateras de impacto.

Os registros dessas missões indicam a descoberta de um grande fragmento metálico denominado “Mesón de Fierro”, que pesava cerca de 23.000 quilos e do qual todos os vestígios foram posteriormente perdidos.

Mais tarde, outras grandes peças foram descobertas pelos habitantes locais e algumas “cavidades” estudadas. No entanto, entre 1962 e 1972 o geólogo norte-americano William Cassidy fez a descoberta de 16 crateras de impacto e vários meteoritos, entre os quais “El Chaco”. Anos depois, Vesconi e sua equipe assumiram a liderança e realizaram trabalhos de campo na área e publicaram seus resultados.

Na década de 1960, Cassidy contou com a colaboração da população local para localizar “represas” ou “lagoas secas” que acabaram sendo crateras. Hoje são imagens de satélite de alta resolução, imagens multiespectrais, imagens de radar sintéticas e drones que facilitam a tarefa.

Uma vez que a presunção é confirmada, as trincheiras são construídas para ver o que o meteorito fez, a lacuna de impacto, onde ele escorregou, o que queimou.

Vesconi estima que seriam necessários mais cinco anos de trabalho para recuperar as toneladas perdidas: “Esperamos ter alguns frutos este ano. No ano passado ele se perdeu com a questão da pandemia”.