A estatal francesa EDF vai promover uma profunda reestruturação na Light. Insatisfeita com o desempenho de seu braço brasileiro, que carrega uma dívida de
US$ 2 bilhões, o grupo decidiu fazer novo aporte de capital na distribuidora carioca. A valor da injeção financeira pode chegar a US$ 1 bilhão. Segundo analistas de mercado, a operação resgate
será feita em duas etapas.
Parte do montante virá com a conversão de dívidas em ações e outra parte com investimentos diretos. Michael Gaillard, presidente da Light, disse à DINHEIRO que o valor do aporte ainda não está definido e nem a injeção direta de recursos. Confirmou apenas a primeira fase da ação de salvamento. ?A idéia é de transformar em participação acionária os US$ 500 milhões que pegamos emprestados com a EDF no fim do ano passado?. Nos bastidores do setor de energia o que se comenta, no entanto, é que a matriz vai pôr mais US$ 500 milhões para reduzir o endividamento da Light, que assim teria mais condições de enfrentar o duro cenário formado após o programa de racionamento.

Os franceses não estão nada satisfeitos com os resultados de seu braço brasileiro. Circula pelo mercado a informação de que Michael Gaillard, presidente da Light, estaria de malas prontas para voltar a sua Paris no fim do ano. Gaillard nega. ?Não estou de saída?. O ano de 2001 foi o pior da Light, privatizada em 1996. Até o terceiro trimestre, a distribuidora apresentava um prejuízo de R$ 753,7 milhões. O balanço final da empresa deve mostrar um resultado um pouco melhor, já que no quarto trimestre será contabilizado o empréstimo de emergência que o BNDES concedeu a todas as companhias do setor para reparar parte das perdas com racionamento de energia.

Na semana passada circularam informações de que a matriz decidiu assumir as rédeas de áreas vitais da Light. Em outras palavras, Gaillard terá que aceitar a redução de seu poder. A idéia que vem sendo discutida é a de criar quatro novas empresas para cuidar de áreas específicas: comercialização, geração, serviços e manutenção. Todas essas novas companhias devem ficar subordinadas à holding EDF no Brasil.

Por trás dessa reestruturação está o objetivo de fortalecer a marca EDF no Brasil. A matriz francesa, que vai atuar na área de geração e venda de energia para todo o País, pode diminuir a força da marca Light, até extingui-la. No começo, o nome EDF vai ser agregado à marca Light. Gaillard confirma as discussões, mas diz que a nova estrutura não está definida. ? A única coisa certa é que a marca Light fica?, garantiu. A EDF concluiu que o ideal é trabalhar a sua marca, principalmente no mercado de geração, com uma força do nome da sua controlada. Mas por de trás dessa estratégia está o começo da construção da nova cara da EDF no Brasil.