A China informou neste domingo (horário local, noite de sábado no Brasil) ter detectado 57 novos casos de coronavírus, o número diário mais alto desde abril, gerando preocupações de uma segunda onda da doença no país.

Segundo a Comissão Nacional de Saúde, 36 desses casos foram contágios domésticos na capital Pequim. Eles teriam começado em um mercado de carnes e vegetais localizado no sul da cidade.

As outras duas infecções domésticas relatadas ocorreram na província de Liaoning, no nordeste do país, e autoridades locais de saúde disseram que eram contatos próximos dos casos de Pequim.

O novo conjunto de infecções domésticas provocou novos confinamentos em 11 bairros próximas ao mercado. Esses casos são os primeiros em Pequim em dois meses.

Um porta-voz da capital, Xu Hejian, afirmou neste domingo à imprensa que Pequim entrava em “um período de exceção”.

Um homem de 56 anos, que trabalha como motorista de ônibus no aeroporto e que esteve no mercado de Xinfadi antes de adoecer, está entre os casos relatados neste domingo, segundo o Diário do Povo, o jornal do Partido Comunista.

Uma semana depois, ele teve febre e deu positivo para o novo coronavírus, informou a mesma fonte.

Domingo, nesse imenso mercado, a parte em que a carne é vendida estava fechada.

Jornalistas da AFP viram centenas de policiais civis e militares bloquearem o acesso à área.

As autoridades indicaram que todas as pessoas que trabalham neste mercado ou moram nos bairros vizinhos deverão passar por testes.

E todos aqueles que visitaram esse mercado desde 30 de maio deverão fazer o mesmo.

Em toda a cidade, empresas e comunidades começaram a enviar mensagens para funcionários e residentes, para que informem sobre seus deslocamentos mais recentes.

Neste domingo, um mercado de vegetais perto de Xinfadi permanecia aberto, enquanto caminhões continuavam a entrar e sair.

– Restaurantes e comércios fechados –

Um motorista, com máscara cirúrgica abaixo do queixo, explicou que estava levando caixas de cogumelos para supermercados e restaurantes em Pequim.

“Preocupado? Na verdade, não”, disse Zhang à AFP.

“Mas, de qualquer forma, não tenho escolha, sou pobre, por isso tenho que continuar trabalhando para viver”.

Nas ruas vizinhas, os habitantes estavam enclausurados em suas casas e as lojas e restaurantes estavam fechados.

Um pequeno mercado, ainda aberto, vendia cigarros e bebidas através de grades.

Um residente, Chen, explicou à AFP que fez várias viagens de carro até a entrada deste bairro para entregar suprimentos à sua família.

“Assim que terminar de entregá-los, vou me juntar a eles”, disse, porque “depois disso, não poderei mais sair”.

A mídia oficial informou que o vírus foi detectado em tábuas usadas para cortar salmão importado.

No processo, as autoridades de saúde ordenaram uma inspeção em toda a cidade de carnes, aves e peixes frescos e congelados, em supermercados, armazéns e serviços de alimentação.

Um comerciante, Sun, que vendia tomates e cerejas no domingo em um mercado local no centro da capital, admitiu ter menos clientes do que o habitual. “As pessoas têm medo”, diz.

Nove escolas e jardins de infância próximos ao mercado foram fechados.

Sexta-feira, a prefeita de Pequim adiou o retorno dos alunos às escolas primárias e suspendeu todos os eventos esportivos.

Visitas à capital chinesa por grupos de outras províncias foram suspensas no sábado.

O restante dos casos confirmados anunciados no domingo são de pessoas que retornaram para a China do exterior, de acordo com o ministério da Saúde.