A China anunciou nesta segunda-feira (15) que organizou novos exercícios militares ao redor de Taiwan, onde cinco congressistas dos Estados Unidos realizam uma visita de duas semanas após a viagem da presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, que provocou a ira de Pequim.

“Em 15 de agosto, o Exército de Libertação Popular organizou uma patrulha conjunta de prontidão de combate e exercícios de combate no mar e no espaço aéreo ao redor de Taiwan”, informou o exército chinês em comunicado.

A delegação dos Estados Unidos, liderada pelo senador Ed Markey, chegou a Taiwan no domingo e se reuniu com a presidente taiwanesa Tsai Ing-wen nesta segunda-feira, de acordo com a representação diplomática de Washington em Taipei.

“A delegação teve a oportunidade de trocar pontos de vista com colegas taiwaneses sobre uma ampla gama de questões de importância para os Estados Unidos e Taiwan”, informou.

Tsai declarou aos legisladores que quer “manter o status quo em todo o Estreito de Taiwan” e “manter conjuntamente a prosperidade e a estabilidade da região do Indo-Pacífico”, segundo seu gabinete.

E acrescentou que a invasão russa da Ucrânia demonstrou “a ameaça que os Estados autoritários representam à ordem mundial”, agradecendo ainda Washington por seu apoio diante das ameaças militares chinesas.

A visita dos legisladores, focada em comércio, segurança regional e mudanças climáticas, de acordo com a diplomacia, não foi anunciada com antecedência e ocorre duas semanas após a viagem de Pelosi a Taiwan, ilha autônoma que a China reivindica como parte de seu território.

A China reagiu à visita de Pelosi com os maiores exercícios militares de sua história em torno de Taiwan: durante cinco dias, o exército enviou navios de guerra, mísseis e aviões de combate, simulando um bloqueio da ilha.

O exército chinês “continua treinando e se preparando para a guerra, defendendo resolutamente a soberania nacional e a integridade territorial, e esmagando com determinação qualquer forma de separatismo da ‘independência de Taiwan’ e tentativas de interferência estrangeira”, declarou Wu Qian, porta-voz do Ministério da Defesa chinês.

– “Vizinho malvado” –

O governo de Taiwan acusa Pequim de usar a visita de Pelosi como desculpa para lançar exercícios que permitiriam ensaiar uma invasão.

Em resposta, os Estados Unidos reafirmaram seu compromisso com a região.

Os novos exercícios constituem “uma dissuasão contra os Estados Unidos e Taiwan por continuarem a fazer truques políticos e minar a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan”, reagiu Shi Yi, porta-voz do exército chinês, em comunicado.

“Não devemos ter medo de fazer nada, medo de deixar os visitantes entrarem e medo de deixar nossos amigos virem, só porque temos um vizinho malvado ao lado”, declarou, por sua vez, o primeiro-ministro de Taiwan, Su Tseng-chang.

Os congressistas americanos – um senador e quatro representantes, democratas e republicanos – também se reuniram com o ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Joseph Wu.

“A China autoritária não pode ditar como a Taiwan democrática faz amigos, ganha apoio, permanece resiliente e brilha como um farol de liberdade”, afirmou Joseph Wu no Twitter.

A China considera Taiwan, com uma população de cerca de 23 milhões de habitantes, uma de suas províncias, que ainda não foi reunificada com o restante de seu território desde o fim da guerra civil chinesa (1949).

Opondo-se a qualquer iniciativa que dê legitimidade internacional às autoridades taiwanesas, Pequim é contra qualquer contato oficial entre Taiwan e outros países.

Políticos dos Estados Unidos visitam a ilha com frequência, mas a China encarou a viagem de Pelosi, a principal autoridade americana a visitar a ilha em décadas, como uma grande provocação.

Diante das manobras iniciadas por Pequim em retaliação, Taiwan organizou seus próprios exercícios simulando a organização de sua defesa contra uma invasão chinesa.

Pequim só encerrou seus exercícios após reiterar suas ameaças contra Taipé e declarar que continuaria a patrulhar o Estreito de Taiwan.