Por anos, analistas do mercado defendiam que a China era um país blindado de crises financeiras por conta de uma dívida externa pequena diante do tamanho de sua economia e uma boa quantidade de reservas internacionais. Porém o cenário para 2019 indica que caso o governo chinês não se movimente, o país pode passar por sua primeira crise em anos. Entenda o cenário.

A dívida externa chinesa hoje está em US$ 1,9 trilhão, número baixo perto da economia de US$ 13 trilhões do país. Em contrapartida, o valor de reservas internacionais do país é de US$ 3 trilhões, número praticamente estagnado desde há dois anos. O ponto crítico da situação é que 62% do total das dívidas do país são de curto prazo, programadas para serem saldadas no final deste ano, significando que US$ 1,2 trilhão deverá sair do país. Outro fator importante é que no último ano, a dívida externa do país cresceu 14%.

A situação fica ainda pior se levarmos em conta relatório da Daiwa Capital Markets, que em agosto calculou a dívida externa da China entre US$ 3 e US$ 3,5 trilhões, cerca de US$ 1,5 trilhão a mais do que os dados oficiais, levando em conta dinheiro vindo de centros financeiros como Nova York, Hong Kong e ilhas caribenhas. Com o spread de curto-prazo para o yuan (moeda chinesa) perto de zero, refinanciar as dívidas se tornou mais difícil e arriscado nos últimos meses.

A saída para sanar as dívidas seria empresas chinesas pegarem empréstimos das reservas internacionais do banco central chinês, algo que analistas acreditam difícil de acontecer. Outro ponto é comprar dólar no mercado internacional, o que acarretaria em uma enorme saída de yuans do país, desvalorizando a moeda ante o dólar.

Com tudo isso em vista, é preciso olhar com cautela para os movimentos econômicos da China, que além das guerras comerciais com os Estados Unidos, tem um problema de dívida para enfrentar em 2019