A China intensificou, neste sábado (25), as medidas de isolamento, controle e prevenção para impedir a propagação da epidemia e decidiu mobilizar o Exército e construir um segundo hospital de emergência para os infectados pelo coronavírus, que já atingiu a Europa e a Austrália.

Restrições de tráfego em Wuhan, o epicentro da epidemia, alerta máximo em Hong Kong, verificações sistemáticas nos transportes de norte a sul: a China luta para conter o vírus, que já causou 41 mortes no país e cerca de 1.300 infectados.

O presidente chinês Xi Jinping declarou, neste sábado, que seu país pode “vencer a batalha” contra o vírus.

Mas este continua se expandindo e já está presente em quatro continentes. A Europa registrou seus três primeiros casos na sexta-feira (24), em três pessoas que vivem na França e que estiveram recentemente em Wuhan. A Austrália também confirmou quatro casos neste sábado, todos em pessoas que acabaram de voltar da China.

Na Ásia, vários países registraram casos e nos Estados Unidos um segundo foi confirmado na sexta.

As comemorações do Ano Novo Chinês foram mínimas e pouco festivas. Nas ruas de Wuhan, metrópole de 11 milhões de habitantes, não houve fogos de artifícios nem desfiles de dragões.

Jornalistas da AFP confirmaram que Wuhan se tornou praticamente uma cidade fantasma e que as poucas pessoas que saem às ruas usam máscara protetora obrigatória.

Nos limites da zona proibida, cerca de 20 km a leste do centro da cidade, os veículos tentavam atravessar o pedágio de uma rodovia, mas eram obrigados a voltar.

“Ninguém pode sair”, repetia um policial. Desde quinta-feira, nem trens nem aviões podem deixar a cidade.

Além de Wuhan, quase toda a província de Hubei está isolada do mundo, com cerca de 56 milhões de pessoas confinadas, o equivalente à população da África do Sul.

Em uma farmácia do centro, os funcionários, vestindo trajes de proteção e luvas cirúrgicas, atendiam aos clientes. Em um dos poucos supermercados abertos, os trabalhadores repunham as máscaras de proteção e produtos desinfetantes.

“As pessoas tentam se proteger”, explicou um cliente, que afirma estar confiante na detenção da epidemia. “O governo assumiu o problema. Não há problema”, afirmou.

– 237 casos críticos –

O Exército enviou três aviões com 450 médicos e pessoal da saúde para a área proibida.

Alguns deles têm experiência na luta contra o vírus ebola e a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), que matou 650 pessoas na China e Hong Kong entre 2002 e 2003.

Os médicos militares trabalharão em diferentes hospitais da cidade, onde numerosos pacientes com pneumonia viral foram internados, informou a agência Xinhua.

Os hospitais estão saturados. Um novo centro médico para mil pacientes está sendo construído na região e estará operacional em 10 dias. Outro hospital com capacidade para 1.500 leitos estará pronto no surpreendente período de 15 dias, anunciou a imprensa estatal neste sábado.

Todas as mortes, exceto duas, foram registradas em Wuhan ou na província de Hubei, grandes como a Síria.

Neste sábado, as autoridades anunciaram novas medidas em praticamente todo o país. Pontos de inspeção serão instalados e todos os viajantes com sintomas de pneumonia serão “imediatamente transferidos” para um centro médico, segundo a Comissão Nacional da Saúde.

Até o momento, a maioria das vítimas fatais eram pessoas com mais de 65 anos ou que já tinham uma doença.

– Trump elogia Pequim –

Em Pequim e outras áreas da China, muitas celebrações do Ano Novo foram suspensas. A capital parecia deserta e os restaurantes estavam praticamente vazios.

Muitos locais turísticos, como a Cidade Proibida, ou partes da Grande Muralha, foram fechados para reduzir o risco de infecção.

Internacionalmente, o coronavírus já foi detectado em vários países da Ásia, como Japão, Tailândia, Coreia do Sul, Singapura e Vietnã.

Em Hong Kong, onde há cinco casos confirmados, o alerta máximo foi decretado, o que implica o cancelamento da maratona e o fechamento das escolas. Qualquer pessoa que chegar da China continental terá que passar por controles.

Nos Estados Unidos, onde dois casos foram confirmados, o presidente Donald Trump parabenizou Pequim pelas medidas adotadas para impedir a propagação do vírus.

“A China trabalha muito duro para conter o coronavírus. Os Estados Unidos apreciam muito seus esforços e transparência”, tuitou, estimando que tudo “está indo bem”.

Na época da epidemia de SARS, nos anos 2000, a China havia sido criticada por ocultar os primeiros casos, o que agravou a crise.

Por enquanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou a situação preocupante, mas não decretou a “emergência de saúde global”.