Tradicional, histórico e leal aliado americano, o Reino Unido – e de resto toda a Europa – enfrenta um dilema e tanto para prestar obediência cega a pedidos do governo Donald Trump, em especial na demanda por banir relações com a chinesa Huawei: a rede 5G. Embora a Europa tenha liderado movimentos com tecnologias móveis anteriores, China, Coreia do Sul, Japão e, em menor escala, os Estados Unidos, estão na vanguarda da próxima onda. Por esse motivo há ceticismo de que a Inglaterra fará o que Austrália e Nova Zelândia já fizeram e cortar relações com a Huawei em nome de supostas violações de segurança nacional e espionagem. O National Cyber Security Center (NSCS), agência inglesa, minimizou nesta semana riscos com segurança que o governo britânico possa ter ao trabalhar com a gigante chinesa.

A Huawei, segundo maior vendedor de smartphones do planeta, saiu de quase
ninguém na Europa há uma década para fornecer cerca de um terço dos sistemas locais de telecomunicação – área em que lidera globalmente. A marca se posicionou como provedor essencial de antenas, switches, roteadores e equipamentos para 5G, realizando parcerias com operadoras e agências de segurança dos países. Em resumo, está nas entranhas dos sistemas do continente. Abrir mão disso significará um atraso de 18 a 24 meses na chegada do 5G, segundo as telecom europeias. Soma-se ainda o custo, ainda não estimado, da ordem de bilhões de euros. E sem 5G nada de carros autônomos, indústrias competitivas sob Inteligência Artificial ou Internet das Coisas. Em outras palavras, o velho mundo ficará muito distante do novo mundo.

(Nota publicada na Edição 1109 da Revista Dinheiro)