Há 130 dias, o Chile convive com o coronavírus, e alguns setores de Santiago sofrem com o longo isolamento causado pela pandemia, que já deixou quase 310 mil infectados no país. Mas as primeiras tendências de “melhoria moderada” começam a se confirmar.

Ao se completarem 50 dias consecutivos de quarentena na Região Metropolitana de Santiago, onde vivem 7,1 dos quase 18 milhões de habitantes do Chile, o ministro da Saúde, Enrique Paris, indicou nesta sexta-feira que “as cifras atuais mostram que a melhora continua”.

Autoridades reportaram 3.058 novos casos nas últimas 24 horas, somando 309.274 no total, e registraram 99 mortes, o que eleva a 6.781 o número de vítimas fatais até o momento. Mas o país soma 10.159 mortos se considerados os casos suspeitos e, embora tenha começado com uma estratégia de quarentenas seletivas por comuna e região, a maioria da população viu seu ritmo ser totalmente alterado por um dos confinamentos por decreto mais longos do mundo.

Em alguns bairros de Santiago onde havia sido imposta uma primeira quarentena no fim de março, antes do seu levantamento semanas depois, os moradores estão há mais de 110 dias confinados. Desde meados daquele mês, o Chile mantém um toque de recolher noturno nacional e fronteiras fechadas, além de escolas, restaurantes, cinemas e centros comerciais.

Para exemplificar os sinais positivos, o ministro da Saúde apontou que “a variação dos casos confirmados em nível nacional é de -14% nos últimos sete dias e -35% nos últimos 14”. Paris assinalou que “10 regiões mostram um crescimento negativo, menor do que zero. O índice de exames PCR positivos caiu a 18% pela primeira vez em muito tempo.”

O Chile é o único país com população inferior a 30 milhões de habitantes que figura entre os 10 países com mais casos confirmados de Covid-19, segundo um relatório da Universidade Johns Hopkins. Santiago ocupa o sétimo lugar, atrás de megalópoles como Nova York e São Paulo.

– Cautela –

Em meio à “leve melhora”, o governo anunciou o desconfinamento de duas regiões do sul sob medidas que, segundo o ministro Paris, “são decididas sempre com base em informações e certos parâmetros”, como os níveis de ocupação de UTIs, metas ainda não batidas na capital.

“Se os números continuarem assim, em duas semanas as autoridades poderiam pensar em desconfinamento. Mas o mesmo não pode acontecer sem um plano nacional e uma rastreabilidade de ao menos 80% e que seja auditável”, assinalou Izkia Siches, presidente do Colégio Médico, durante reunião remota com correspondentes estrangeiros.