O Chile combate, nesta sexta-feira, incêndios florestais que há dias consomem milhares de hectares no sul, e ao mesmo tempo precisa enfrentar os danos provocados por inundações que ameaçam a produção das maiores jazidas de cobre situadas no norte do país.

Com as regiões de Biobío, La Araucanía e algumas comunas de Los Ríos (sul) sob “Estado de Exceção Constitucional por Catástrofe” – um mecanismo que permite destinar recursos econômicos e mobilizar efetivos militares -, a tarefa dos socorristas se concentrou, nesta sexta, em gerar caminhos que impeçam o avanço das chamas.

“Durante a última semana 13.000 hectares foram afetados. Em termos gerais a situação foi melhorando, mas não podemos perder o ímpeto” na luta contra o fogo, disse à AFP Rodrigo Pino Riquelme, chefe da operação implementada na zona de catástrofe.

O funcionário destacou a ajuda que os socorristas recebem da Corporação Florestal Nacional (Conaf), que através de aeronaves facilitam a tarefa das equipes de emergência mobilizadas nas zonas extensas e com vegetação densa.

Em Galvarino, a 670 quilômetros de Santiago, região de La Araucanía, o combate ao fogo conta desde esta sexta com a ajuda de um potente avião americano com capacidade para lançar 36.000 litros de água e com alta tecnologia que permite definir com exatidão os pontos de descarga mais eficazes.

As chamas avançam por zonas rurais destruindo terrenos de grande riqueza para o ecossistema, mas ainda longe dos grandes povoados. Nesta temporada de incêndios florestais morreram duas pessoas em La Araucanía.

Entre janeiro e fevereiro de 2017, o Chile viveu um megaincêndio que afetou o centro-sul do país, deixando 11 falecidos, 1.500 casas e quase 500.000 hectares destruídos.

Pino Riquelme descartou que a situação atual seja comparável à de dois anos atrás, mas destacou que “o complicado agora é a simultaneidade” de focos, que torna necessária uma ampla mobilização.

Enquanto extensões verdes da Patagônia se transformam em cinzas, regiões do nortes atravessadas pelo deserto do Atacama – o mais árido do mundo – suportam chuvas altiplânicas.

Na tarde desta sexta, o presidente Sebastián Piñera interrompeu suas férias para viajar a Calama. Ao chegar, decretou “zona de catástrofe” na província de El Loa, capital de Calama na região de Antofagasta.

Além disso, anunciou que sobrevoará zonas afetadas antes de se reunir com o Comitê de Emergência (COE) “para concluir o diagnóstico e começar a trabalhar no plano de reconstrução e ajuda a todas as vítimas e afetados”.

Torrentes de água deslizando por quebradas de Calama obrigaram a mineradora estatal Codelco, a maior produtora global de cobre, a deter de “forma preventiva” no fim da quinta-feira as operações na gigante mina Chuquicamata.

Em Calama “até as nove da manhã haviam caído 12 milímetros. O dobro dos 5,9 milímetros que se esperavam no ano na zona”, disse à AFP Orlando Cortés, meteorologista da Direção Meteorológica do Chile.

As precipitações afetam as regiões do extremo norte do Chile Arica y Paranicota, Tarapacá, Antofagasta e Atacama, gerando aumento e transbordamento no caudal do rio Loa.

A emergência provocou seis mortes em uma semana.