O Chile patrocina esta semana o fórum internacional sobre energia limpa CEM12/MI-6, um dos eventos mais importantes em inovação, que abordará uma série de reflexões ligadas ao debate atual no país, grande produtor de cobre e lítio.

Até 6 de junho, esta reunião de cúpula virtual, que tem a pandemia como pano de fundo, reunirá ministros da Energia, empresários, economistas, líderes na luta contra as mudanças climáticas e líderes mundiais, incluindo o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, e o criador da Microsoft, Bill Gates.

O fórum é a ocasião ideal para colocar em prática as resoluções assinadas nos Acordos de Mudança Climática de Paris, em 2015, disse à AFP o ministro da Energia do Chile, Juan Carlos Jobet. “Em termos de mudança climática, muitos assumiram compromissos gradativamente, o que é muito bom, mas já temos que traduzir isso em ações e começar a ver os resultados”, ressaltou o ministro chileno.

As previsões indicam que, embora as emissões de gases do efeito estufa no mundo tenham diminuído neste ano, principalmente devido às restrições impostas pela pandemia, quando a economia se reativar, “as emissões irão se recuperar fortemente”, disse Jobet.

A cúpula acontece no momento em que o Chile – maior produtor mundial de cobre – caminha para a instalação de uma Convenção Constitucional que redigirá uma nova constituição, em busca de maior bem-estar social e para estabelecer um novo modelo de desenvolvimento econômico.

Desde os protestos de outubro de 2019, a população reivindica um Estado mais forte na regulamentação das empresas que exploram os recursos naturais e e conversão da água em um bem público, de distribuição privada desde a ditadura de Augusto Pinochet.

– Hidrogênio verde e mais –

O fórum no Chile é patrocinado pela Clean Energy Ministerial (CEM), órgão criado em 2009, após a assinatura da convenção das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, para reunir os ministros da Energia das maiores economias do mundo a fim de desenvolver tecnologias de energia limpa, juntamente com a Mission Innovation (MI), que reúne governos para acordar processos destinados a acelerar a inovação nesse tipo de energia.

Patrick Child, diretor da MI, explicou à AFP que os 24 países membros da organização “representam 90% do investimento global em inovação de energias limpas” e, juntos, tentam encontrar “soluções que os tornem acessíveis e disponíveis para todas essas energias”.

Nos fóruns e apresentações esperados durante a semana, há três temas centrais: hidrogênio verde como combustível do futuro em detrimento dos combustíveis fósseis (promovido por Austrália, Chile, Reino Unido e União Europeia); renovação de fontes de energia no setor industrial (Reino Unido, Itália e China); e transporte marítimo com emissão zero de gases do efeito estufa (Dinamarca, Noruega e Estados Unidos).

“Essa reunião ministerial é, provavelmente, a mais importante deste ano, reunindo ministros de energia em tecnologias de energia limpa”, disse Child.

– Todos em um –

Para Dan Dorner, chefe do secretariado da CEM, a mescla que será formada nos dias de debate entre atores públicos e privados é a única forma de “atingir os objetivos climáticos” assinados em Paris, de reduzir as emissões de gases do efeito estufa e manter o aumento da temperatura do planeta abaixo de 2 graus Celsius.

“(Temos que) melhorar nada menos do que a maior transição energética da história da humanidade, e precisamos conseguir isso nos próximos 30 anos”, disse Dorner à AFP.

Paralelamente, após a paralisação forçada pela pandemia, as negociações climáticas da ONU serão retomadas nesta segunda-feira, seis meses antes da COP26, decisiva para atuar contra o aquecimento.