Os especialistas dizem que no Brasil em breve só restarão os bancos que se tornarem muito grandes ou altamente especializados. O Banco Santos, com R$ 3,5 bilhões de ativos, conseguiu crescer nos últimos seis anos graças à segunda opção. Ele se dedica principalmente a fazer operações de desconto de cheques pré-datados, duplicatas e faturas de cartão de crédito, o que na gíria do mercado se chama de ?chequinho?. É um trabalho de formiga, que lida com pequenas fábricas e lojinhas com faturamento médio de R$ 1 milhão por ano. De sua carteira de crédito de R$ 780 milhões, 65% são negócios feitos dessa maneira.

Funciona assim: um supermercado compra mercadoria com prazo de pagamento de 60 dias. Mas o fornecedor precisa do dinheiro à vista. O banco entra pagando o fornecedor antecipadamente, mas com desconto. Na hora do supermercado pagar, o banco aparece para receber. ?É uma forma de empréstimo. Só que as garantias são mais consistentes?, diz Nei Muniz, diretor de crédito do Santos. A inadimplência dessa carteira é, em média, de 3% das operações, contra 8% nos empréstimos pessoais. ?Desconto de documentos é a coqueluche do mercado?, diz Luiz Claudio Vieira, analista da Atlantic Rating. Ele conta que um número cada vez maior de instituições financeiras de pequeno e médio porte deixou de emprestar dinheiro diretamente às empresas para fazer o desconto de notas promissórias e duplicatas. O Banco Safra, entre os grandes, é o que mais fatura com esse tipo de operação. Há instituições como o Daycoval, que operam exclusivamente com elas. BicBanco e BMC caminham na mesma direção. O Panamericano, do apresentador Sílvio Santos, amarra operações com os lojistas que fornecem mercadorias para o seu Baú da Felicidade. ?A vantagem do Santos nesse mercado é que ele atua com muita rapidez e eficiência?, diz Rafael Guedes, diretor da Fitch Rating. O Santos fecha uma operação a cada doze minutos, menos tempo do que se leva para pagar uma conta na fila do banco.