Na década de 60, quando quase não se falava de fusões no Brasil, o médico Luiz Roberto Silveira Pinto, dono da operadora de planos de saúde Samcil, percebeu que a aquisição da concorrente Pro-Saúde poderia ser a melhor maneira de crescer depressa. O palpite do empresário deu certo. Mais de três décadas depois da primeira compra, a Samcil virou craque em aquisições e se especializou em administrar planos com a saúde financeira comprometida. O mais recente acordo aconteceu em meados de maio. A SL-Osvaldo Cruz, que já era resultado de uma fusão de duas empresas, contratou a Samcil para tomar conta do negócio. Cerca de 15 mil vidas, como o setor costuma denominar os associados e seus dependentes, se somarão à carteira total ? entre própria e administrada ? de 600 mil pessoas com a cobertura da empresa. A negociação envolveu R$ 15 milhões, um volume que será investido nos próximos anos na melhoria da rede própria de atendimento da SL-Osvaldo Cruz.

?Chegaremos a 2005 com 1 milhão de vidas e uma receita de R$ 600 milhões?, avisa Rafael Cavalcanti, diretor comercial. ?Seremos a maior empresa do Estado de São Paulo.? Que ninguém duvide. A Samcil, que já ocupa a sétima colocação no ranking da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), deve encerrar o ano com um faturamento de R$ 315 milhões. Um resultado surpreendente considerando o principal mercado em que atua, composto por clientes de classe média baixa, que pagam um valor mensal em torno de R$ 60,00. Para galgar à liderança do setor, a Samcil conta com uma facilidade. De uns tempos para cá, diversas empresas apresentaram problemas de caixa, pressionadas pelos custos elevados de operação. No final de 1998, o governo regulamentou o setor de planos de saúde, obrigando as seguradoras e operadoras a oferecer mais garantias financeiras e ampliar o atendimento.

Nos últimos anos, a Samcil avançou várias vezes sobre os concorrentes. Curiosamente, para comprar ou para fechar acordo para a gestão dos negócios dos vizinhos. Adquiriu, por exemplo, a carteira da Unicor e da Samp. Fechou em 1996 acordo para gerir a tradicional Trasmontano. Há cerca de dois meses, mais um negócio: assinou contrato de gestão com a Vasco da Gama. ?Com uma estrutura grande e bem aproveitada, é possível oferecer mais serviços e ter preços mais competitivos?, explica Cavalcanti. Além disso, antecipa, a intenção é que, no futuro, a prestação de serviço a empresas deficitárias se torne uma unidade independente de negócio.