BRASÍLIA (Reuters) – Em carta encaminhada ao presidente Roberto Campos Neto e à diretoria do Banco Central, chefes de departamento e de gabinete da autarquia afirmaram que a ausência de uma previsão de reajustes salariais para os servidores cria um ambiente “insustentável”, “com impactos extremamente negativos nas atividades” da instituição.

Sem propostas de reajustes que solucionem perdas inflacionárias e assimetrias, a gestão do BC fica inviabilizada, alertaram os chefes, citando a dificuldade de reter pessoal e manter a produtividade.

“Ficam, assim, inviáveis as entregas da agenda BC# e das demais iniciativas estratégicas desta Casa”, diz o documento, com data de terça-feira, ao qual a Reuters teve acesso.

Os servidores do BC estão em greve desde o início de maio, pela segunda vez no ano, o que tem afetado a divulgação de uma série de indicadores econômicos e também a prestação de serviços pela autarquia.

Na carta, os servidores do BC afirmam que uma minuta de Medida Provisória apresentada pela autarquia na última sexta-feira traz avanços importantes, mas não trata da recomposição salarial.

“Dessa maneira, entendemos que é fundamental a reinserção imediata da retribuição por produtividade institucional na minuta de MP e o patrocínio perseverante em seu trâmite”, diz a carta, assinada por 47 chefes.

Apesar de ter obtido autonomia operacional, o BC não é administrativamente autônomo e as decisões sobre reajustes salariais dependem de liberação orçamentária pelo governo federal.

Na terça-feira, Bolsonaro disse que tudo indica que não será possível dar reajuste a servidores neste ano.

(Por Isabel Versiani)

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