A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, descartou nesta terça-feira (10) fazer qualquer nova concessão ao movimento pró-democracia, apesar do fracasso eleitoral de seu movimento e da realização de uma manifestação massiva e pacífica no último domingo (8).

A ex-colônia britânica, agora território semi-autônomo, está mergulhada desde junho em sua pior crise desde seu retorno à soberania chinesa em 1997, com manifestações inicialmente contra um projeto de extradição para a China – que foi posteriormente retirado – e depois exigindo reformas democráticas e uma investigação imparcial da ação policial durante os protestos.

No domingo, uma das maiores manifestações pró-democracia dos últimos meses foi realizada em Hong Kong, com a presença de 800.000 pessoas, mobilizadas pacificamente, segundo os organizadores.

As autoridades locais pró-Pequim sempre consideraram que o retorno a um clima de tranquilidade era um pré-requisito necessário para iniciar um diálogo com os manifestantes.

Mas, durante sua coletiva de imprensa semanal, Lam se recusou a abordar as demandas dos manifestantes e ir além da retirada do projeto de extradição.

“Se uma reivindicação nos obriga a nos afastar da lei (…) eu não poderia aceitar responder a essas demandas com o único objetivo de responder às aspirações da população”, disse Lam.

Lam explicou ainda que uma anistia aos manifestantes detidos – mais de 6.000 desde junho, dos quais 40% são estudantes – seria contrária ao espírito do Estado de Direito.

A chefe do Executivo local acrescentou que “responderá por tudo” o que tem acontecido na megalópole quando viajar a Pequim no próximo sábado, uma de suas visitas em que se encontrará com o presidente chinês Xi Jinping.

As eleições locais de 24 de novembro foram esmagadoramente vencidas pelo campo pró-democracia contra os partidos pró-Pequim. Desde essa derrota eleitoral, Lam e seu governo permanecem inflexíveis.

Paralelamente, nesta terça-feira, a polícia de Hong Kong anunciou ter desativado duas bombas artesanais em uma escola, sem precisar se o fato está ligado à crise política que sacode o território.

Um grupo de especialistas desativou os dois artefatos, descobertos por um guarda na escola de ensino médio Wah Yan College, no bairro financeiro de Wan Chai.

“As bombas estavam concluídas e poderiam funcionar perfeitamente” se fossem ativadas, declarou à imprensa Alick McWhirter, um oficial encarregado da desativação.

Segundo McWhirter, os dois artefatos continham, no total, 10 quilos de potentes explosivos e poderiam ser ativados com um celular. As bombas, com nitrato de amônio, tinham pregos para provocar mais danos.

Segundo a polícia, o colégio provavelmente não era o alvo, apenas o local de esconderijo das bombas.