O secretário-geral da ONU criticou, nesta segunda-feira (18), os países que “ignoraram as recomendações” da Organização Mundial da Saúde (OMS) para responder à pandemia de coronavírus e estimou que o mundo paga um “preço alto” por essas estratégias divergentes.

“Vimos expressões de solidariedade, mas pouquíssima unidade em nossa resposta à COVID-19. Os países seguiram estratégias divergentes e todos pagamos um preço alto por isso”, disse Antonio Guterres.

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“Muitos países ignoraram as recomendações da Organização Mundial da Saúde”, acrescentou ele por videoconferência na abertura da Assembleia Mundial da Saúde, a reunião anual dos 194 membros da OMS que está sendo realizada pela primeira vez de maneira virtual.

“Como resultado, o vírus se espalhou pelo mundo e agora se dirige para países do sul, onde pode ter efeitos ainda mais devastadores; e corremos o risco de novos picos e novas ondas”, acrescentou, sem citar os países em questão.

A pandemia do coronavírus SARS-CoV-2 matou pelo menos 313.611 pessoas em todo o mundo desde os primeiros casos assinalados em dezembro na China, de acordo com um balanço estabelecido no domingo pela AFP.

Os Estados Unidos são o país mais afetado em termos de número de mortes e casos, com quase 90.000 vítimas fatais e 1,49 milhão de casos.

É seguido pelo Reino Unido (34.636 mortos), Itália (31.908), França (28.108) e Espanha (27.650).

A OMS não se pronunciou sobre a conveniência de confinar ou não, mas recomendou a realização de testes, o isolamento e tratamento sistemático de todos os casos suspeitos.

E seja qual for o progresso da epidemia em cada país, pediu o respeito e aplicação das medidas de distanciamento físico, a fim de impedir a propagação do vírus.

Os países seguiram essas recomendações de várias maneiras e em vários estágios da pandemia.

Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump acusou a China de ter ocultado o surgimento da epidemia e de ter subestimado deliberadamente sua gravidade. Suspeitando que a OMS e seu diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, endossaram cegamente a defesa de Pequim, suspendeu os créditos americanos à agência da ONU.

Guterres condenou implicitamente esta decisão.

“A OMS é insubstituível. Precisa de mais recursos, em particular para fornecer apoio aos países em desenvolvimento, que devem ser nossa maior preocupação”, afirmou ele, enquanto a pandemia progredia rapidamente no hemisfério sul e, especialmente, na África.

“Proteger os países em desenvolvimento não é uma questão de caridade ou generosidade, mas uma questão de interesse comum esclarecido. Os países do Norte só podem superar a COVID-19 se os países do Sul o neutralizarem ao mesmo tempo”, insistiu Guterres.