O ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, pediu nesta terça-feira que a Alemanha “não dê lições de democracia”, durante um encontro celebrado em Hamburgo (norte) em apoio ao presidente Recep Tayyip Erdogan.

“Por favor, não nos dê lições em matéria de direitos humanos e democracia”, disse o chefe da diplomacia na residência do cônsul-geral da Turquia em Hamburgo, diante de aproximadamente 200 simpatizantes.

Cavusoglu foi a Hamburgo depois que as autoridades alemãs retiraram a permissão para celebrar um encontro a favor do “sim” no referendo para reforçar os poderes de Erdogan.

“A Alemanha não deveria intervir em nossas eleições e nosso referendo”, acrescentou, enquanto a pequena multidão balançava bandeiras turcas.

As autoridades alemãs anunciaram na segunda-feira à noite que haviam retirado a autorização para a celebração do ato, sem anular, contudo, a reunião.

As relações entre Turquia e Alemanha, ambos membros da OTAN, ficaram mais tensas nos últimos dias após a anulação de vários encontros no país com a participação de ministros turcos.

Cavusoglu, junto com outros membros do governo, quer conseguir votos entre a grande comunidade turca na Alemanha para conseguir uma vitória do “sim” no referendo de 16 de abril sobre a ampliação dos poderes do presidente Erdogan, que classificou o cancelamento dos encontros de “práticas nazistas”.

A Alemanha conta com uma numerosa comunidade turca, de três milhões de pessoas, implantada desde os anos sessenta, quando precisava de mão de obra para a indústria, e que conserva um forte vínculo com seu país de origem.

O governo alemão pediu várias vezes a essa comunidade que não importe os conflitos que agitam a Turquia.

Para as forças políticas turcas, esta diáspora é particularmente importante porque representa uma voz que não pode ser negligenciada. Especialmente porque os 1,4 milhão de eleitores turcos que vivem na Alemanha são em sua maioria pró-Erdogan.