O chanceler alemão, Olaf Scholz, fez, na quarta-feira (2), sua primeira visita a Israel desde que assumiu o cargo, em meio à invasão russa à Ucrânia e aos esforços internacionais para se chegar a um acordo com o Irã sobre seu programa nuclear.

Junto com o primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, Scholz visitou o Memorial do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém. Neste simbólico local, depositou flores e deixou uma mensagem no livro de visitantes. Nela, reconheceu a responsabilidade histórica da Alemanha para com o Estado judeu.

“O assassinato em massa de judeus foi instigado pela Alemanha”, escreveu o chanceler.

“Foi planejado e executado por alemães. Consequentemente, cada governo alemão carrega a responsabilidade permanente pela segurança do Estado de Israel e pela proteção da vida dos judeus”, completou.

Ao receber Scholz, Bennett declarou que “a ‘Shoah’, a destruição metódica dos judeus, é uma ferida que está na base das relações entre Alemanha e Israel. Desta ferida, construímos relações fortes e importantes”.

Os dois governantes, ambos com pouco tempo no cargo após longevos mandatos de seus antecessores, reuniram-se em um momento de instáveis acontecimentos mundiais que colocam sua liderança à prova. No caso da crise na Ucrânia, as respostas de um e outro têm sido diferentes.

A coalizão de governo de Scholz reverteu uma proibição histórica de se enviar armas para zonas de conflito e interrompeu o projeto do gasoduto Nord Stream 2 entre Rússia e Alemanha. Além disso, comprometeu-se a destinar US$ 113 bilhões para a modernização das Forças Armadas alemãs e aumentar suas contribuições para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Israel adotou, por sua vez, uma posição mais conservadora, dadas suas relações estreitas com Kiev, assim como com Moscou.

Segundo a imprensa israelense, Bennett não acolheu o pedido de envio de armas feito pela Ucrânia, oferecendo, em seu lugar, 100 toneladas de ajuda não militar, como kits de purificação de água e cobertores.

A visita de Scholz a Israel também coincide com um possível acordo para conter o programa nuclear do Irã, em troca do levantamento das sanções internacionais ao país.

A versão original do pacto, firmado em 2015, entrou em colapso quando o então presidente americano, Donald Trump, retirou-se unilateralmente dele, com o apoio de Israel.

No momento, Reino Unido, China, França, Alemanha, Irã e Rússia se encontram em meio a negociações sobre o tema, em Viena, na tentativa de resgatar o acordo. Os Estados Unidos participam destas discussões indiretamente.

Bennett disse estar “profundamente preocupado” com esse acordo.