Todos os anos o site Ratebeer, uma espécie de Tripadvisor do mundo das cervejas, faz um ranking dos melhores rótulos e cervejarias do planeta. Neste ano, a Dádiva, de Várzea Paulista, foi eleita a melhor do Brasil pela segunda vez consecutiva. O reconhecimento não é por acaso. Há cerca de três anos a empresa, já bastante conhecida por aqui, vem consolidando também uma imagem internacional e levando as cervejas brasileiras para a Europa. Com a pandemia, o interesse pelas cervejas da Dádiva cresceu. Em meados de 2020, os pedidos enviados à Europa eram de três pallets (com aproximadamente 100 caixas cada). Agora, um ano depois, o volume chega a dez pallets — e já foram três remessas enviadas apenas em 2021. As cervejas são distribuídas por um importador na Holanda para Bélgica, Alemanha, Espanha, Luxemburgo, Portugal e Suíça.

PORTFÓLIO DIVERSIFICADO Na fábrica da cervejaria são produzidos desde rótulos sazonais, alguns envelhecidos em barricas, até receitas clássicas para o público iniciante. (Crédito:Divulgação)

O negócio começou a tomar corpo com a participação da cervejaria em festivais. O primeiro foi em 2018, e mais convites surgiram no ano seguinte. “Essas oportunidades abrem portas porque participam importadores, formadores de opinião e outros cervejeiros”, afirmou Luiza Tolosa, fundadora da Dádiva. Segundo ela, existe curiosidade sobre as cervejas brasileiras, mas poucas são exportadas. Agora, com a alta do dólar e a desvalorização do real, os importadores estão olhando para cá com mais atenção.

Luiza diz que o que faz mais sucesso entre os consumidores estrangeiros são as IPAs frescas, as sours (cervejas ácidas) com frutas brasileiras e as stouts com muitos adjuntos, como são chamados os ingredientes que complementam a receita, como cacau, café, coco e baunilha. “O mais legal é a repetição. Quando o importador pede de novo algo que já comprou e que as pessoas beberam e aprovaram”, disse Luiza.

“A exportação é um dos caminhos para o nosso crescimento e temos uma equipe dedicada a esse canal” Luiza Tolosa fundadora da Dádiva.

DE OLHO NO VAREJO Além do mercado europeu, a Dádiva quer expandir sua atuação também no Brasil. Para isso, vem ampliando o portfólio para atingir todos os tipos de público. A cervejaria vai continuar desenvolvendo rótulos mais ousados e sazonais (e de custo mais elevado), como a Imperial Dark Sour, com adição de mirtilos orgânicos e acidificada em barricas, lançada há poucas semanas. Até agora foram feitas mais de 200 receitas e a empresa vem trabalhando estilos clássicos em latas menores, de 310 ml, e preço acessível. A linha Easy chegou ao mercado em junho e vai atender ao varejo. “É um segmento que já vem dando frutos, mas esperamos que traga ainda mais retorno no próximo ano.”