Foi-se o tempo em que os executivos ficavam apenas em escritórios, reuniões ou almoços de negócios. Agora, precisam estar presentes também nas redes sociais. Essa é a conclusão da pesquisa “Liderança Conectada”, feita pela consultoria de comunicação Brunswick com 6,4 mil pessoas (2,8 mil leitores de publicações financeiras e 3,6 mil funcionários de empresas) em países como Alemanha, Hong Kong, Arábia Saudita, Reino Unido e Estados Unidos. Para 82% dos que responderam, os CEOs deveriam ter perfis on-line. Ter uma liderança conectada e ativa se tornou estratégico após o avanço da digitalização nas empresas provocada pela pandemia.

Hoje, todas as partes interessadas em uma empresa (chamados stakeholders), não só esperam como desejam que os executivos usem as mídias sociais para se manifestar e até usar isso como parte de sua liderança, segundo o sócio da Brunswick em Washington, Craig Mullaney. “No entanto, é muito importante que o uso seja feito da forma correta, pois a linha entre o online e offline não existe mais”, afirma especialista da Brunswick, que veio do Facebook, onde ajudou a desenvolver o Programa Executivo Global e já prestou aconselhamento estratégico a diversos líderes, desde ex-chefes de estado e CEOs da Fortune 50, até presidentes de grandes fundações e palestrantes do TED.

Mullaney acredita que estar nas redes vai muito além de falar da missão da empresa. Uma liderança conectada autêntica, segundo ele, é a chave para promover relacionamentos online. “O público não segue alguém em quem não confia e não podem confiar em que não conhecem”, afirma. É importante que os CEOs não apenas compartilhem atualizações sobre a empresa, mas que também façam comentários e produzam conteúdo sobre insights do setor, notícias ou eventos mundiais, destaquem as conquistas de colegas e até mesmo compartilhem uma lista de dicas de leitura, por exemplo.

DESAFIOS
Entre as maiores dificuldades dos CEOs nessa empreitada, conforme a pesquisa, é como manter suas vidas pessoais privadas. Muitos têm pouco ou nenhum interesse em se tornar o próximo influenciador queridinho das redes sociais. Isso acontece porque é fácil equiparar esses canais com frivolidades, selfies e vídeos virais. “Mas para os executivos é preciso estar claro que estar na mídia social é sobre nós, não eu”, disse Mullaney.

Dessa forma, é preciso que os líderes não só entendam essa importância da comunicação online como também sejam capazes de criar plataformas autênticas e confiáveis, que contribuam com os objetivos do negócio. “Bem feito, isso provocará resultados tangíveis e intangíveis à organização”. Entre esses resultados estão desde a promoção de relações com investidores até a atração de novos talentos. “O mais importante é que isso acaba criando um ‘colchão reputacional’ que ajuda as empresas quando estiverem em meio a situações de crise”.

O cenário atual, no entanto, oferece muitas oportunidades reais. Por isso, os riscos críticos devem ser gerenciados e mitigados através de treinamentos.  O estudo mostrou que em uma crise, 78% dos colaboradores e 91% dos leitores de veículos financeiros esperam que um CEO se comunique nas mídias sociais, onde velocidade e a transparência são essenciais. E é nessa hora que um líder que construiu confiança com seu público pode estar melhor posicionado. Criada em 2019, a Pesquisa de Liderança Conectada visa entender e ajudar como as empresas podem redefinir liderança em um mundo conectado. Desde o lançamento, a Brunswick já aconselhou mais de 220 executivos — 20 dos quais são influenciadores em várias plataformas — em mais de 130 dos principais empresas e organizações. “Diante de desafios profundos, como a pandemia e a guerra, tanto as empresas como seus líderes precisam enfrentar as mudanças que afetam diretamente a forma como eles interagem com os funcionários, clientes e até a sociedade”, diz Mullaney.